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O Recif, que se apresenta hoje, na Pulse | César Machado/Gazeta do Povo
O Recif, que se apresenta hoje, na Pulse| Foto: César Machado/Gazeta do Povo

Rádio

Emissora de Cascavel cria programa voltado para o público haitiano

Um programa voltado para a comunidade haitiana, com canções e locuções em francês, creole, inglês e português, vem sendo veiculado aos domingos pela rádio Norte FM, de Cascavel, onde vivem cerca de 1,3 mil haitianos. O "Haiti Universal", que vai ao ar das 20 às 21 horas, é comandado por Marcelin Geffrard, um pedagogo que viveu por 17 anos nos Estados Unidos e desde 2012 mora no Brasil, onde está trabalhando como cobrador de ônibus. Ele conta com a ajuda de outros três conterrâneos chegados ao país há menos de oito meses – Fenet Saintilus, Marc Andre Laguerre e Obed Dort. A ideia do programa é manter a tradição e a cultura haitianas vivas e auxiliar o contato entre refugiados e seus parentes no Haiti, onde o programa também pode ser ouvido por meio do site da emissora paranaense, www.nortefm.com.

  • Ritmo tocado pelo grupo é o mais tradicional do Haiti

Entre os muitos percalços que os haitianos vêm encontrando ao se instalarem no Brasil nos últimos anos, o não reconhecimento de suas habilidades e talentos pode ser o pior – pelo menos para os jovens músicos do Haiti que fundaram em Curitiba o grupo Recif, em janeiro deste ano.

A banda foi criada com um propósito defendido de forma apaixonada por seus 18 integrantes: mostrar, por meio de um gênero tradicional do Haiti, o compas, uma faceta cultural do país caribenho que a maioria dos brasileiros não conhece.

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A ideia também é um desafio ao preconceito. "Há pessoas no Brasil que acham que os haitianos e o povo negro não conhecem nada, não têm nada de bom para oferecer. Por isso, nos tratam mal. Mas temos talentos escondidos", explica Evens Mondesir, um dos cantores do grupo, que se apresenta neste domingo, às 19 horas, na Pulse.

O nome da banda vem da palavra recife, em francês, e é uma espécie de resposta a esse menosprezo percebido pelos haitianos. Na metáfora do grupo, o recife é o obstáculo que surpreende o navio de cruzeiro e o afunda. Em outros termos, é um fator que pega de surpresa alguém que se considera em uma posição de superioridade.

"Todo o povo haitiano é um recife. Se você conhecer a história da independência do Haiti da França, verá que somos o primeiro povo negro livre, que venceu o exército francês, o maior do mundo na época", explica o guitarrista, compositor e arranjador Amos Saint-Juste, líder do grupo.

Compas

As armas do Recif, no entanto, são canções solares, dançantes, tocadas com alegria pelos seus integrantes, que já se conheciam no Haiti – a maioria é da região de Gonaives, cidade do norte do país. As letras falam de temas como amizade, como em "Mwen La Toujou", uma das músicas tocadas pelo grupo, que também está criando suas próprias composições.

O compas é um gênero popular cheio de síncopas, derivado do méringue, um ritmo haitiano de raiz. Ficou conhecido nos anos 1950 por meio do músico Nemours Jean-Baptiste (1918-1985), e divide as atenções dos haitianos com a invasão do zouk, outro estilo caribenho de sucesso massivo, originário de Guadalupe.

No Recif, é tocado com guitarras (Saint-Juste e Elysée Succes), contrabaixo (Bertrode Darius), teclados (Gédéon Sajous e Abdias Marcelin), bateria (Harry Mervil e Mdjy Oscar) e percussões (Becken Noel, Claudin Presendieu e Dieucene Archelus). Completam o grupo os cantores Sonel Mondesir, Evens Mondesir, Daniel Felice e Berthony Pierre, além de Ezechiel Charles, Huguenson Jean, Pierre-Michel Jean e Reginald Elysee, em funções administrativas.

Os integrantes do grupo entraram no Brasil com visto, favorecidos pelo acordo diplomático firmado com o país caribenho. Têm ensino superior e trabalham em áreas variadas. O principal objetivo é viver de música. "Tem gente que vem para trabalhar na construção civil. A maioria do povo brasileiro pensa que todos vêm para isso. Mas também temos uma cultura para mostrar", diz Saint-Juste, que estuda violão no Conservatório de MPB. "É isso que vamos explorar", completa Evens.

Haitianos montam banda de música em Curitiba

Proposta do grupo Recif é mostrar a cultura haitiana por meio do compas, ritmo mais tradicional do país.

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