Há quem só consiga perceber as nuances políticas de canções como "A Banda" e "Boi Voador Não Pode", ambas composições de Chico Buarque. A primeira, gravada em 1966, revelava, por meio de metáforas, o descontentamento em relação ao regime militar vivido pelo país na época. Já a segunda, escrita em parceria com Ruy Guerra, em 1973, integrava o conjunto de músicas feitas para a peça Calabar: o Elogio da Traição, montagem censurada pela mesma ditadura.
Para o cantor paulistano Carlos Navas, além do viés político presente nas duas canções, fica igualmente evidente o tom lúdico que as norteia. E foi justamente a ludicidade que dominou a seleção das canções presentes no espetáculo Canções de Faz de Conta, que o músico apresenta nestes sábado e domingo, às 16 horas, no Teatro Paiol. No show, Navas encarna a figura de um "cantador de histórias" para interpretar canções dedicadas às crianças e escritas por Chico Buarque e Vinicius de Moraes. "Algumas canções não são propriamente infantis, mas contam com um sentimento lúdico, que foi meu principal critério", explica.
Já para os adultos, Navas aproveita sua primeira passagem pelos palcos curitibanos para apresentar o show Quando o Samba Acabou, um tributo ao carioca Mario Reis, consagrado cantor da era do rádio brasileira. "O que mais me chamou atenção no trabalho dele foi a modernidade. Por isso, tentei fazer uma homenagem com personalidade, sem tentar imitá-lo", conta. Entre as canções do "show adulto", que também acontece no Paiol (no sábado, às 21 horas, e no domingo, às 20 horas), estão clássicos como "Se Você Jurar", "Filosofia", "Jura" e "Joujoux e Balangandans".
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