São muitos os desafios de Mônica Rischbieter, a nova diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra. A comunidade e os funcionários da instituição reclamam de, praticamente, tudo. Entre os pedidos urgentes, emergenciais, estão a reforma geral, do chão ao teto, incluindo, principalmente, uma revisão da mentalidade de quem atua na cúpula da instituição pública.
Músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP), que preferem o anonimato porque temem eventuais represálias, têm uma lista de reivindicações. A começar pela desocupação de muitas das salas do prédio, que deveriam ser utilizadas para guardar instrumentos atualmente ocupadas por pessoas que trabalham no setor administrativo. "Há instrumentos enormes, que deveriam e poderiam ficar no Guaíra. Mas não. Os músicos têm de carregar de casa para o teatro. Isso não tem sentido", reclama um integrante da orquestra.
Os problemas da OSP parecem infinitos. Faltam músicos e a solução seria realizar um concurso público. Para 2011, por exemplo, ainda não foi estabelecida uma pauta, reclama um outro integrante, e isso é grave. "Não sabemos o que será necessário estudar. É angustiante não ter uma previsão para o ano", diz o músico, que ainda lembra dos conflitos com o maestro da era Requião, Alessandro Sangiorgi, que tornaram o clima insuportável. Até abaixo-assinado foi feito para substitutir Sangiorgi, que não se afinou com os instrumentistas. "A direção deveria consultar os músicos antes de escolher o maestro", sugere um dos membros da OSP.
Espaço
No entanto, na opinião dos músicos ouvidos pela Gazeta do Povo, o principal problema da OSP é a falta de espaço fixo para os ensaios o que revela um dos impasses do Teatro Guaíra. A orquestra, em tese, pode ensaiar nos palcos do Guairão ou do Guairinha, mas esses dois auditórios costumam estar ocupados por terceiros, uma vez que são regularmente alugados para a realização de espetáculos e formaturas.
"A função do Centro Cultural Teatro Guaíra é fomentar produções, inclusive óperas. Isso já aconteceu. E agora? O Guaíra é, para a maioria da população, sinônimo de palco onde acontecem grandes shows de fora. Distorceram a finalidade do espaço público", protesta um integrante da OSP.
Mas, dentro do Teatro Guaíra, problemas não são exclusividade da orquestra. O Balé, uma das mais importantes companhias de dança do Brasil, também contabiliza falta de integrantes, principalmente para a realização de espetáculos clássicos.
Cantina
A primeira-bailarina, Eleonora Greca, desde 1976 na compainha, está desiludida. "Para ser sincera, já ouvi tanta promessa. Vi de tudo. Problemas financeiros e de gerenciamento gravíssimos. Não tenho expectativas, mas seria bom se fizessem algo", afirma Eleonora.
Se o governo do estado viabilizasse turnês, no Brasil e no exterior, a bailarina ficaria mais do que satisfeita: "O Balé tem qualidade e merece uma oportunidade de mostrar a sua excelência".
Já o diretor, ator e cantor Maurício Vogue chama a atenção para algo aparentemente simples. Ele gostaria que fosse reativada a cantina, que funcionou dentro do Guaíra nas décadas de 1980 e 1990. "Todo mundo se encontrava na cantina. Até emprego, oportunidade profissional, a cantina proporcionava. Acima de tudo, era a oportunidade para a classe circular dentro do grande espaço das artes cênicas do estado", finaliza Vogue.



