• Carregando...
José Eduardo Couto, presidente da Filarmônica: música e disciplina andam juntos | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
José Eduardo Couto, presidente da Filarmônica: música e disciplina andam juntos| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo
  • Mais de 700 músicos já se formaram pela Filarmônica. Hoje, 45 fazem parte da banda
  • Confira os melhores momentos da Filarmônica Antoninense

É preciso passar em frente a cin­­­co cabines para chegar à sala do atual presidente da Filarmônica An­­­toninense. Na porta de cada uma de­­­­las, talhados em madeira ma­­­­ciça, nomes de compositores fa­­­­­mosos. Debussy fica ao lado de Pi­­­­­­xin­­­­guinha. Beethoven bate um papo com Villa-Lobos. Dentro do pequeno recinto, jovens ansiosos por fazer parte do grupo musical mais fa­­moso de Antonina, muni­­­cí­­­pio do litoral do Paraná, se dedicam aos seus instrumentos. Ouve-se uma trom­­­­pa, um sax alto, flauta. For­­ma-se um corredor sonoro e erudito criado, quem diria, por jo­­­vens com média de idade de 15 anos.

No próximo dia 25 de setembro, a Filarmônica Antoninense comemora 35 anos de existência com um grande show no Teatro Municipal de Antonina. Haverá um telão na avenida para quem não conseguir entrar. Seis músicos de Curitiba serão convidados a subir ao palco ao lado dos garotos e garotas que vestem com orgulho aqueles uniformes azuis. A pompa de megaevento faz jus à história do grupo, que já formou mais de 700 músicos e ganhou três prêmios nacionais como "melhor banda infanto-juvenil". "Essa luz que acendemos para o jovem sem perspectiva é nosso principal ideal", afirma José Eduardo Couto, presidente da Filarmônica há seis anos.

O carioca, 62 primaveras, é um idealista. Tem amor pela música e crê que ela seja, além de um potencial meio de transformação social, a melhor carreira para quem a ela se entregar. "A música dá futuro como qualquer outra carreira. E pode não dar futuro como qualquer outra carreira", explica. Enquanto jovens executam o tema grandioso do filme Piratas do Ca­­ribe, um pequeno busto de Carlos Gomes olha de soslaio de cima da estante que fica ao lado de Couto. A música, ali, está por toda parte.

A Filarmônica tem hoje 108 alunos. Na banda, são 45 músicos. "De 9 a 280 anos", brinca Couto, que veio para Antonina em 1989 pensando na aposentadoria, mas que encontrou em duas figuras "idealistas" – ele gosta desse adjetivo – o seu futuro trabalho: em 1975, Roberto Cristiano Plassmann e Severino de Oliveira e Silva fundaram o grupo. Anos depois encontraram em Couto o sujeito que daria continuidade ao projeto. Dito e feito.

A banda – hoje com local próprio para ensaio e com dez professores de teoria e prática instrumental – é, na verdade, uma escola. O aluno entra, estuda teoria, escolhe seu instrumento e se prepara para tocar com a Filarmônica. Vestir o uniforme azul é o objetivo final. A mensalidade é de R$ 97. A escola oferece empréstimo de instrumentos e o uniforme. "Às vezes um aluno pega um instrumento e na primeira soprada que dá já percebemos que ele tem talento. Mas com outros, não adianta. Tem que ser sincero e dizer ‘olha, melhor você fazer outra coisa", explica o maestro Almir França. O antoninense – regente por 11 anos da banda municipal de Blumenau –, começou sua trajetória exatamente ali, soprando, meio desajeitado, um trombone de vara.

A rotina: "De manhã tem colégio, depois almoço, às 13 horas entro na cabine, depois tem ensaio, aula de teoria. Eu saio daqui umas dez da noite", diz Ana Carolina Plassmann, 13 anos, saxofonista e neta do fundador da Filarmônica. "Essa música preenche a sala. É um som grande, sabe?", diz.

Quem fez sua estreia dia desses foi Patrick Gomes, de 18 anos. No Festival de Inverno deste ano, tocou sua bateria para um público considerável. "Ouvia muito a banda e decidi entrar", explica. Ambos já mantiveram contato inclusive com a música erudita, apresentada em audições durante as aulas teóricas.

A Filarmônica An­­­­­to­ninense – entidade que também abriga a Filarmônica Orquestra Show, fundada em 2001 – segue seu rumo "idealista" tendo a música e a disciplina como propulsores. Na saída da escola, dentro da cabine "Pixinguinha", Roberto Borges, de 15 anos, soprava sua tuba. Ele é estagiário. Tem de estudar diariamente pelo menos uma hora. Ele explica: "quero vestir aquele uniforme azul um dia".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]