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Parece estar cada vez mais distante a busca de um consenso para mudar as regras internacionais de identificação de cargas transgênicas na exportação e importação, tema mais polêmico da 3.ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena de Biossegurança (MOP3), realizada no Expo Trade Pinhais, na Grande Curitiba. Nesta quarta-feira, foi a vez do Paraguai se manifestar pelo modelo mais flexível, representado pela identificação "pode conter transgênicos", proposta diferente da apresentada pelo Brasil. Além disso, a Nova Zelândia também foi acusada por uma coalizão de 12 ONGs internacionais e brasileiras de estar bloqueando as negociações. A falta de consenso entre os países pode levar a reunião de Curitiba ao fracasso.

A delegada paraguaia, Maria Estela Ojeda Gamarra, representante da Unión de Grémios de La Producción, uma entidade do setor produtivo, explica que o Paraguai defende o modelo do "pode conter" porque não teria como arcar com os custos envolvidos no processo de identificação e segregação. A posição paraguaia foi apresentada em reunião à tarde e, por causa dela, o grupo de contato, formado para debater a identificação das cargas, iria se reunir à noite.

A postura paraguaia vai na contramão do que esperava a diplomacia brasileira, cuja expectativa era convencer os outros países a adotarem o modelo do "contém" após um prazo de adaptação de quatro anos. Na quarta-feira pela manhã, antes do início das negociações do dia, o chefe do departamento de assuntos especiais do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo Machado, admitia que a negociação não ia ser fácil, mas apostava que a proposta brasileira tinha grandes chances de prosperar por atender, no entendimento do Brasil, aos interesses dos países importadores e exportadores de transgênicos.

A posição brasileira, aliás, na quarta-feira já começava a ganhar a simpatia inclusive do México, que havia declarado ser favorável ao "pode conter". "O México está mais próximo do Brasil", diz o chefe da delegação mexicana na MOP3, Marco Meraz. Os mexicanos estariam dispostos a negociar um prazo maior de transição para a adoção do modelo do "contém".

Além do Paraguai, outro país que pode impedir a tomada de uma decisão na MOP3 é a Nova Zelândia, que foi criticada por meio de um manifesto público redigido por 12 ONGs internacionais e distribuído nesta quarta-feira no Expo Trade. Na MOP2, no ano passado, no Canadá, a Nova Zelândia e o Brasil haviam travado as negociações.

O ambientalista Steve Abel, representante do Greenpeace neozelandês, disse que a delegação de seu país tem se recusado a apresentar sua posição a respeito da identificação dos transgênicos e a discuti-la. Marijane Lisboa, da Associação da Agricultura Orgânica, ONG brasileira que assinou o manifesto, afirmou que essa seria uma estratégia para postergar qualquer tipo de decisão.

Os delegados da Nova Zelândia foram procurados pela reportagem. Alan Cook, um dos negociadores neozelandeses, disse que, nesse momento, seu país ainda não tem nada a declarar. Ele ainda afirma não poder falar sobre o manifesto por não ter tomado conhecimento do teor integral do documento.

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