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Willem Dafoe na pele de Pasolini: cinebiografia de Abel Ferrara traz poucas novidades | Divulgação
Willem Dafoe na pele de Pasolini: cinebiografia de Abel Ferrara traz poucas novidades| Foto: Divulgação

Após realizar uma série de filmes explorando as patologias de seus personagens ou histórias criminais – como Cidade do Medo, O Rei de Nova York e O Funeral – o diretor ítalo-americano Abel Ferrara foge do seu viés usual ao realizar Pasolini, sobre a vida do famoso cineasta, poeta e escritor italiano.

O filme foi mostrado numa prévia para a imprensa da 52.ª edição do Festival de Nova York e, assim como já tinha acontecido em Veneza – onde concorreu ao Leão de Ouro –, despertou reações favoráveis e outras nem tanto.

As críticas negativas ao filme talvez se devam ao fato de ele não revelar nada de novo ou polêmico sobre o autor de obras provocadoras como Teorema (1968) e O Evangelho Segundo São Mateus.

O filme acompanha Pier Paolo Pasolini (1922-1975) nas últimas 24 horas de sua vida, quando ele conversa com seus familiares e amigos, escreve, dá uma entrevista extremamente franca e vai ao encontro da tragédia no seu Alfa Romeo cinza.

Trinta e nove anos depois do assassinato do diretor, as circunstâncias da sua morte são até hoje envolvidas em dúvidas e mistério.

A narrativa alterna esses eventos com cenas e personagens tirados de projetos que Pasolini desenvolvia, como o novo capítulo do romance Petrolio e o roteiro de Porno-Teo-Kolossal.

Ferrara diz que seu objetivo foi oferecer uma visão sobre a vida, a obra e as paixões de Pasolini.

"Quis mostrar tudo que ele era e representava. Pasolini era um homem que combatia o poder, era constantemente vigiado e, mesmo assim, conseguia se reinventar sempre. O filme tem como ponto de partida esse respeito por ele", afirma.

Apesar de alguma resistência ao filme, é inegável o brilhante desempenho de Willem Dafoe interpretando Pasolini. Outra presença significativa é a de Ninetto Davoli, que foi um dos seus maiores amigos e participou de 11 filmes dirigidos pelo diretor italiano.

Em declarações sobre Pasolini, Ninetto tem contestado aqueles que se referem ao seu espírito autodestrutivo.

"Ele amava a vida. Denun­­ciou quando fomos capturados por um sistema consumista que destrói o ser humano e contra isso lutava com todas as suas armas. É claro que incomodava muita gente", atesta Ninetto, lembrando que ele enfrentou mais de 30 processos ao longo da vida.

"Ele não se importava, não se deprimia, nada podia detê-lo. Era uma força da natureza", elogia.

O filme expressa a personalidade de Pasolini, até mesmo em seu desfecho trágico que, como diz Ferrara, não foi algo surpreendente. "A morte de cada um reflete a sua própria vida", define o diretor americano de 63 anos, ele também considerado por muitos uma figura polêmica.

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