A extensa carreira no teatro, na televisão e no cinema de Paulo Goulart, que faleceu nesta quinta-feira, incluiu uma passagem de três anos por Curitiba, onde chegou a abrir uma mercearia no bairro Batel ao lado da mulher, a também atriz Nicette Bruno. A dupla ficou instalada num apartamento no Centro Cívico.
O casal paulista foi convidado em 1963 pelo diretor teatral Cláudio Corrêa e Castro, fundador do Teatro de Comédia do Paraná (TCP) e do Curso Permanente de Teatro do Paraná (CPT, depois transformado em Faculdade de Artes do Paraná) naquele ano. "O governo do estado tinha o teatro, verba, um diretor e atores, mas não atores de peso", relembra a professora de literatura da UFPR Marta Moraes da Costa, autora de pesquisa sobre os primórdios das artes cênicas paranaenses.
Aqui chegando, os dois atores, sempre dirigidos por Cláudio, capitanearam grandes produções ao lado de atores como Lala Schneider, Ary Fontoura, José Maria Santos e Odelair Rodrigues, que sempre testemunharam sobre a influência recebida do casal.
De Millôr Fernandes, eles montaram "Um Elefante no Caos" (1963); de Brecht, "Schweyk na Segunda Guerra Mundial" (1963); de Shakespeare, "A Megera Domada", com Paulo no papel de Petruchio e Nicette como Catarina (1964), e, de Molière, "Escola de Mulheres" (1965), entre outros clássicos. De acordo com Marta, eram todas montagens "caras e bonitas".
"O teatro sempre lotava, e eles deram um tônus novo ao teatro do Paraná", atesta o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, Maury Rodrigues da Cruz, que conheceu o casal na época e sempre manteve contato.
"A presença deles foi oportuna num momento definitivo do nosso teatro",concorda o diretor Enio Carvalho, que conheceu o casal recém-retornado a São Paulo, em 1967, e depois veio a Curitiba para estudar e coordenou o CPT por dez anos. Ele lembra que Paulo e Nicette fizeram parte da iniciante televisão paranaense com um seriado e um "programa da hora do almoço".
Ação social
Além de influenciar a classe teatral, Paulo e Nicette participaram da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, fundada em Curitiba em 1953. "Eles ajudaram financeiramente e com sua presença no embrião de nosso lar-escola, sempre promovendo o desenvolvimento humano", contou à Gazeta do Povo Maury Rodrigues da Cruz, que é fundador da entidade.
De volta a São Paulo, mantiveram a forte atuação de apoio humanitário. "Se alguém na classe estava com dificuldades, todos recomendavam, passa na casa do Paulo e da Nicette", conta Cruz.



