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Paul McCartney fala de seu novo CD, "Chaos and creation in the backyard", da inspiração para as canções e garante que não pensa em se aposentar. O disco chega às lojas no próximo dia 12 e ele inicia turnê americana no dia 16.

Leia a entrevista, cedida pela gravadora EMI Music.

O que você acha das etapas de gravar e lançar o disco?

Paul McCartney - Lançar o álbum não é a minha parte favorita porque é como deixar teu filho ir embora. Gravar é melhor, todo o processo criativo. Lançar é mais difícil, tem que pensar na promoção, o que não é a principal motivação de tudo. Gostei de fazer o álbum e lançá-lo é ótimo porque as pessoas vão escutar.

Quais as etapas que você atravessa quando vai fazer um disco? - É o lance mais estranho. Mesmo com os Beatles a gente pensava 'OK, fizemos um grande álbum', e pensávamos 'agora sabemos como fazer grandes álbuns'. Quando íamos fazer o seguinte, pensávamos 'como é que a gente faz?'. Eu sempre colocava o disco anterior para ver onde estávamos. Desta vez o desafio foi fazer algo bom. Eu me prometi que faria um bom álbum. Normalmente a gente diz que espera fazer ou que gostaria de fazer um bom álbum. Mas eu sabia que havia boas perspectivas de fazer uma turnê e disse a mim mesmo que desejava fazer um álbum que me deixasse satisfeito.

Você consegue determinar de onde vem as músicas para você? - Procuro não pensar nisso porque isto é que torna tudo tão fascinante. Partir do zero, sentado sozinho brincando com o violão e uma ou duas horas depois surge uma canção e é maravilhoso quando as pessoas dizem que gostaram. Acho que o ponto de partida pé meu amor pela música, de escutar canções maravilhosas que te colocam numa certa sintonia. Todo mundo gosta de música, sente alguma coisa quando escuta e isso é que a torna especial. É meio místico. Porque estas vibrações combinadas nos afetam tanto? Como afetam nossas emoções? Eu não consigo ouvir "God only knows' sem me emocionar. Tem algo a ver com a letra, com as mudanças de acordes, mas é místico. As pessoas às vezes perguntam porque eu continuo. Porque eu amo o que faço, acho que tenho muita sorte de estar numa profissão em que essas coisas acontecem.

O produtor dos Beatles, George Martin, te ajudou a trabalhar com um novo produtor. Como foi? - Na hora de escolher um produtor pensei em Martin, mas ele está aposentado Liguei para ele e lhe pedi uam sugestão. Uma semana depois, ele me ligou sugerindo Nigel Godrich. Gosto do trabalho dele com o Radiohead e o Travis. Trabalhamos juntos com a idéia de ser um disco pessoal sem superprodução. Uma diferença com meus álbuns anteriores é que toco piano, guitarra, baixo e até flugelhorn!

É verdade que levou dois anos para o disco ficar pronto? - A gente trabalhava um mês e para dois. Acho que levou uns quatro ou cinco meses ao longo de dois anos. Não tínhamos pressa. A idéia era fazer a coisa certa. Nigel e eu tivemos que assimilar o estilo de cada um e achar um campo comum. Ele sabe o que quer e quando eu não correspondia, ele rejeitava. Isto foi muito bom para mim. Tive que fazer algo que eu gostasse e ele também. Foi um bom método de trabalho. Pode falar sobre o título do álbum, "Chaos and creation in the backyard" ? - A gente sempre procura um título quando acaba um álbum. O álbum dos Beatles, "Abbey Road", ia se chamar "Everest", o que não pareceu uma boa idéia, até que achamos "Abbey Road" . Eu estava pensando e um verso de "Promise to you girl" me chamou atenção, "looking through the backyard of my life". Pensei em "Backyard", fácil de lembrar mas pouco interessante. Em "Fine line" tem o verso "there's a long way between chaos and creation", aí achei que "Chaos and creation" podia ser um bom nome, mas um pouco pretensioso. Acabou que juntei as duas coisas que tinha pensado. Você tocou a maior parte dos instrumentos. É a primeira vez desde o álbum "McCartney"?

- Isto aconteceu em "McCartney" e "McCartney 2" e é a primeira vez desde então. Nigel pediu para eu tocar bateria porque gostava da minha pegada. Começou assim e foi crescendo. Como compõe suas canções? - Em primeiro lugar, tenho que estar com a disposição certa. Em segundo lugar, tenho que ter tempo para compor. Posso começar com algumas palavras, uma idéia ou alguns acordes. "English tea", por exemplo, veio do modo como chamam o café da manhã com chá no exterior, "english breakfast tea". Esta foi a minha inspiração.

Neste mês de setembro você começa uma turnê logo após o lançamento do álbum. Qual será o repertório? - Terá algumas canções novas e outras que nunca toquei ao vivo dos Beatles e do Wings.Você parece estar tocando mais canções dos Beatles. Por que isso? Como decide seu repertório?- Quando comecei com o Wings, decidi não tocar mais canções dos Beatles para dar uma identidade própria ao Wings. Depois de estabelecer o Wings, repensei que aquelas eram boas canções e decidi tocar principalmente as que compus. As platéias adoram.

Já pensou em se aposentar? Pretende continuar até quando? - Nem penso nisso porque gosto muito do que faço. Eu só pensaria em para se não gostasse ou se o público não me quisesse mais. A gente põe os ingressos à venda e eles esgotam. Desta vez esgotaram em 15 minutos! Não tenho porque parar.

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