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Paulo Coelho, o escritor mais vendido de todos os tempos na língua portuguesa, tem uma nova paixão: a internet.

Paulo Coelho, que completa 60 anos este ano, tem seu próprio site e blog e passa três horas por dia conversando com seus leitores.

O escritor, que já vendeu mais de 92 milhões de livros em 150 países e em 64 idiomas, chegou a postar os primeiros sete capítulos de seu novo romance, "A Bruxa de Portobello", em seu blog, algo ele acredita atrair mais leitores.

Conhecido mundialmente pelo best-seller "O Alquimista", Paulo Coelho conversou com a Reuters sobre seu novo livro e seus leitores online.

Por que você postou capítulos de seu livro em seu blog?

Acredito que é direito do leitor ter a possibilidade de ler o livro antes de comprá-lo. Minha intenção foi colocar um quarto do livro online e mais tarde abri-lo para comentários. A internet é subestimada pelos escritores.

Sua editora concordou com isso?

Ela não encorajou a idéia, mas não fez objeções.

Você diz que passa bastante tempo online?

Passo três horas por dia conversando com meus leitores. Não posso responder a todos os emails porque recebo cerca de 500 por dia, mas tento chegar o mais perto possível dos meus leitores. Às vezes até os convido para eventos. Eles não são apenas meus leitores, mas pessoas que entendem minha alma.

De que maneira "A Bruxa de Portobello" difere de seus outros livros?

Cada um de meus livros é diferente. Tento colocar para fora algumas das minhas questões internas. "A Bruxa de Portobello" é um livro sobre a face feminina de Deus, algo que estamos sempre tentando negar. Estamos acostumados a enxergar Deus como disciplina, como um conjunto de regras, e nos esquecemos que Deus é amor, compaixão, misericórdia.

Você prevê que este livro cause controvérsia?

Quando escrevo não posso pensar se o que estou escrevendo vai ou não causar controvérsia, mas é meu dever falar sobre o que sinto. Não sou muito conservador em matéria de minha religião. Sou católico, mas, ao mesmo tempo, vejo que a Igreja precisa aceitar um novo conjunto de valores - como dar às mulheres um papel de mais destaque na Igreja e compreender a sexualidade de hoje.

O Irã está proibindo "A Bruxa de Portobello"? Proibiu seu romance "O Zahir", de 2005.

Não sei. Minha editora ainda está aguardando permissão. Há três anos o Irã decidiu proibir nove de 12 títulos meus publicados por lá. Mas já existem muitas edições pirateadas lá, e encontrei um site em que é possível ler o livro inteiro.

Você não receia que as versões online de seus livros causem uma perda de receita?

Na Rússia em 1999 eu tinha quase todos meus títulos na Internet de graça, edições pirateadas, então decidi, em vez de combater a coisa, colocar todos esses títulos em meu site. Em lugar de perder receita ou vender menos livros quando os livros finalmente foram publicados, todo o mundo os comprou. Não creio que as pessoas leiam um livro por inteiro na Internet a não ser que não tenham outra escolha. Se elas lerem os primeiros capítulos e gostarem, elas sairão e comprarão o livro.

Você se decepciona com as críticas intransigentes e contínuas que enfrenta no Brasil?

Isso é normal em qualquer país. Existe apenas uma exceção a essa regra: os Estados Unidos. Na França, por exemplo, quando um escritor vende 3.000 livros ele é um gênio, mas quando vende 100 mil é estúpido. Mas escrevemos para nós mesmos e para nossos leitores, não para os críticos.

Você cogitaria deixar o Brasil?

Passo um terço do meu tempo no Brasil, um terço na França e o resto do tempo viajando, mas meu lar é o Brasil, sem dúvida alguma. Esse é meu lar e foi onde aprendi as coisas mais importantes em minha vida. Tenho muito orgulho de ser brasileiro.

Você já começou seu próximo trabalho?

Ainda não. Sempre há um intervalo entre meus livros que dura dois anos. Preciso desse tempo - é enquanto o livro está sendo escrito dentro de você mesmo e de sua alma. Quando você termina, a única coisa que precisa fazer é digitá-lo.

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