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Scott diz ter “parado de  lutar” contra o fazer poético | Divulgação
Scott diz ter “parado de lutar” contra o fazer poético| Foto: Divulgação

Poesia

Mesmo sem Dinheiro Comprei um Esqueite Novo Paulo Scott. Companhia das Letras, 80 págs., R$ 32.

Depois de dois romances publicados em três anos, Paulo Scott volta agora às livrarias com o gênero que deu início a sua carreira literária: a poesia. O gaúcho radicado no Rio de Janeiro acaba de publicar Mesmo sem Dinheiro Comprei um Esqueite Novo, pela editora Companhia das Letras.

Desde 2006, quando publicou Senhor Escuridão e A Timidez do Monstro, Scott se dedicou à prosa, lançando Habitante Irreal (2011) e Ithaca Road (2013). No entanto, conta que jamais deixou de criar versos:

"O que me assustou foi uma convicção absoluta de que havia encontrado minha voz e minha estética. Fiquei distanciado para me perguntar se não estava me iludindo, sobretudo pela boa recepção da crítica. Depois desses oito anos, confirmei o lugar onde quero estar, embora aqueles que leram o livro me digam que minha voz segue sendo a mesma, apenas com poemas mais claros e líricos."

Afetividade

O lirismo é mesmo uma das marcas do novo livro. A busca pelo amor se repete ao longo das páginas, mas não há espaço para idealizações. A afetividade é construída no cotidiano, quando o poeta percebe que deveria ter abraçado sua companheira no dia em que esta "saiu para contratar o serviço de banda larga e estava chovendo" ou que se esqueceu de lhe dar flores quando ela "chegou em casa dizendo que aprendeu a andar de bicicleta".

O sentido do fazer poético é outro tema recorrente em Mesmo sem Dinheiro...: "Para que diabos serve a literatura/ quando você está feliz e tem amor?", pergunta o poema de abertura. Mais do que encontrar respostas, Scott parece estar reafirmando uma vocação, revelada ainda em 2001, com Histórias Curtas para Domesticar as Paixões dos Anjos e Atenuar os Sofrimentos dos Monstros.

"Principalmente para quem vem de um mundo de classe média baixa, ser poeta não é nada, o que se valoriza é ser uma pessoa bem-sucedida. Parei de lutar: já sofri muito em dois ou três momentos nos quais tentei matar a poesia dentro de mim", conta o autor.

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