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O ator Pablito Kucarz vive um hipnotista em Um Carvalho | Marco Novack/Divulgação
O ator Pablito Kucarz vive um hipnotista em Um Carvalho| Foto: Marco Novack/Divulgação

O espetáculo Um Carvalho, da companhia curitibana Teatro de Breque, usa o palco para criar um jogo cênico de manipulações. A montagem, cuja temporada se encerrou no último domingo no Teatro Novelas Curitibanas, tem um ator diferente no papel principal por noite. Desde junho, o desafio foi encarado por Uyara Torrente, Nena Inoue e Thiago Luz, entre outros.

Na pele do protagonista, os artistas convidados precisam dar vida a um pai, que participa de uma sessão de hipnose com o homem que matou sua filha atropelada. Logo no início da peça, os atores Pablito Kucarz e Rodrigo Ferrarini (que se revezam no personagem do hipnotista) revelam ao público que o profissional com que dividirão o palco sabe tanto quanto a plateia sobre a trama do espetáculo. Ele não leu o texto nem viu outras apresentações.

As explicações já fazem parte da encenação, ambientada em dois níveis narrativos. O primeiro é sobre a história e o segundo discute o próprio jogo entre os atores, que precisam improvisar, fazer leituras dramáticas e obedecer às ordens do companheiro de cena.

Escrita pelo dramaturgo britânico Tim Crouch, Um Carvalho é um exercício teatral. Isso vale para os artistas que devem dominar o personagem do pai pela primeira vez na frente de uma audiência, mas também vale para quem assiste ao espetáculo e confere a concepção cênica no momento em que os atores a constroem.

No fundo, o grupo comandado pela diretora Nina Rosa Sá brinca de titereiro (profissional que manipula bonecos de madeira) com o público e com o ator convidado. Eles dizem o que é real ou não e ainda os desafia a se afeiçoar a uma história que, em vários momentos, reafirmam ser uma farsa.

O jogo de manipulações ecoa no próprio drama do protagonista da peça. Depois que a filha morreu, o pai passa a dizer que ela se transformou em uma árvore (daí o título do texto), embora mantenha as propriedades físicas de um vegetal. Em cena, os atores dizem que são outras pessoas e mostram que estão lendo um texto. Mesmo assim, a plateia acredita que são personagens enfrentando o trauma de uma morte prematura.

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