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Monólogo trata do racionalismo da inércia do narrador. | Divulgação
Monólogo trata do racionalismo da inércia do narrador.| Foto: Divulgação

Estreia

Memórias do Subterrâneo

Barracão Oficina das Artes (Av. Canadá, 1.880, Bacacheri), (41) 9666-6264. Monólogo com Emerson Rechenberg. Da obra de Fiodor Dostoievski. Sexta-feira e sábado, às 21 horas. De 1º a 15 de fevereiro. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada para classe artística, estudantes, professores, doadores de sangue e idosos).

Classificação indicativa: 16 anos.

O ator Emerson Rechenberg traz de volta a Curitiba seu monólogo Memórias do Sub­­terrâneo, adaptação do conto de mesmo nome de Fiodor Dostoievski, que completa 150 anos em 2014. A peça fica em cartaz às sextas-feiras e sábados até 15 de fevereiro, com estreia neste sábado.

A história de um ex-funcionário público que decide se trancar num porão para remoer suas próprias incapacidades, enquanto pressente-se doente, servirá de inauguração para o Barracão Oficina das Artes (Boa), no Bacacheri. Ali, o ator e diretor Surian Barone, que fará a programação do local, pretende oferecer oficinas e outras atividades artísticas, além de espetáculos cênicos.

A atmosfera russa de Memórias do Subterrâneo, texto que se passa no século 19, já foi levada quase 500 vezes ao público desde a estreia, em 2005, incluindo temporadas pelo interior de São Paulo e do Paraná.

Para esse retorno, Emer­­son modificou o visual do espetáculo, pelo qual já passaram outros dois atores. Se antes havia um cenário mais elaborado, agora os poucos elementos cênicos permitem viajar com maior mobilidade. O que não muda é a iluminação, feita apenas com velas.

Na interpretação, o ator/diretor busca ressaltar a ironia do texto. "Até um tempo atrás, só tínhamos no Brasil traduções de Dostoievski que vinham do francês. A partir dos anos 90, começamos a ter versões diretamente do russo, o que muda bastante: o francês embeleza, rebusca o texto, faz perder a linguagem ácida", explica. Portanto, ele garante que os 70 minutos de duração da peça não são "carregados", pois trazem também situações "hilárias, ridículas e patéticas".

Mesmo com uma boa tradução, o artista conta ter ficado de 6 a 7 meses criando o que chama de "transcrição para o palco" – termo que ele prefere, no lugar de "adaptação".

Em sua fala, o narrador se anuncia como um homem doente – o que, para Emerson, atrai a compaixão do público, que lhe destina toda sua atenção. Com linguagem bastante direta para a época, ele descreve sua incapacidade de tratar bem as pessoas, mesmo sentindo-se mal quanto ao abuso de poder cotidiano.

"Eu diria que a inércia é o grande problema do conto", diz Emerson. "O narrador vê as coisas erradas acontecendo, mas é um desistente social. Não tem mais ambição de transformar nada."

O artista também vê na tomada de consciência e racionalismo da escrita um tema absolutamente contemporâneo. "Hoje, viramos o que Dostoievski previu, ao dizer que chegaria um tempo em que todas as coisas poderiam ser calculadas matematicamente."

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