
A realidade e a ficção se casaram nas artes e parece que nunca mais se divorciarão. No caso de Teatro de Bonecas, que tem sessões de sábado (28) a segunda-feira (30), a opção foi por brincar com a trajetória da personagem Nora, da peça Casa de Bonecas, de Ibsen, em sua dramática decisão de abandonar marido e filhos.
O trabalho é das atrizes paulistas Milena Filó e Jackeline Stefanski, que acrescentam conteúdos pessoais à obra.
“É como se a gente brincasse de se livrar das máscaras e de buscar as milhares de identidades”, explica Milena, que também é autora do texto.
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A diretora Regina Bertola conta um pouquinho sobre a história do grupo e a remontagem do espetáculo poético Drummond.
+ VÍDEOSA dramaturgia surgiu da pesquisa de mestrado dela, cujo tema era, justamente, realidade e ficção.
Apesar de terem escolhido como “peça instigadora” uma obra do fim do século 19 de conteúdo “protofeminista” – lida tanto na época como ainda hoje como um grito de liberdade da mulher em relação a um casamento repleto de falsidade –, as atrizes afirmam não erguer bandeiras com sua arte.
“Falamos do momento de escolha de Nora”, diz Milena, lembrando da transformação por que a personagem passa até decidir que precisa se conhecer melhor antes de ser a esposa e mãe que brincava de ser em sua “casa de boneca”.
“Ela diz no final ‘nossa casa não passa de um teatro, quero ser real’”, cita Milena.
Teatro-dança
Influenciadas pela bailarina alemã Pina Bausch (1940-2009), Milena e Jackeline não se contentam com as (muitas) palavras de Teatro de Bonecas e explodem em dança em alguns momentos.
São momentos em que elas apelam ao “teatro-dança”, simbolizando a tarantela que Nora dança enlouquecidamente pouco antes de sua grande modificação.



