
A segunda semana do Festival de Teatro de Curitiba começa com peças premiadas, estreias nacionais e o segundo espetáculo internacional, In the Dust, da consagrada companhia britânica 2Faced Dance. Pós-feriado de Páscoa, a expectativa da organização é que os próximos dias promovam ainda mais movimentação teatral na cidade, já que, além das peças, a programação traz uma apresentação da Banda Panamericana, no Teatro Positivo, na quarta-feira, e o Gastronomix, feira gastronômica que acontece sábado e domingo no Museu Oscar Niemeyer.
Entre as atrações da Mostra 2013, um dos curadores do festival, Celso Curi, indica Recusa, que levou o Prêmio Shell (etapa Rio de Janeiro) de melhor direção e cenário. O espetáculo surgiu a partir de uma notícia divulgada em 2008 sobre o aparecimento, no Mato Grosso, de dois índios sobreviventes de uma etnia considerada extinta há mais de vinte anos.
"É um trabalho lindo, que conta a nossa história, e os atores [Antonio Salvador e Eduardo Okamoto] são geniais."
Curi destaca ainda Maravilhoso (estreia nacional), sobre a história de um homem que se vê sem perspectivas depois do enterro da mãe. "É um grupo com jovens atores que logo devem despontar na lista dos melhores", acredita o curador, que aconselha o público a aproveitar para assistir a espetáculos de companhias de outros estados, como O Diário de Genet, da Ateliê Voador Companhia de Teatro, e Breve, da Teatro da Queda, ambas de Salvador (BA). "É algo que fica mais difícil de se ver fora do festival depois", salienta.
Outra estreia desta segunda-feira, também premiada, é O Homem Travesseiro, com direção e atuação de Bruce Gomlevsky, que venceu o Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) nas categorias de melhor espetáculo, direção e ator coadjuvante (Tonico Pereira), além de ter sido considerada uma das dez melhores montagens de 2012 pelo jornal O Globo.
Gomlevsky teve contato com o texto de Martin McDonagh, que já foi encenado pelo mundo afora, há quatro anos, e ficou impressionado com a qualidade dramatúrgica.
"Fizemos uma tradução que é encenada na íntegra, e que toca em temas importantes, como a liberdade de expressão, a censura e o poder transformador da arte", disse o diretor, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.
O acúmulo da função com a de ator, diz ele, é um "grande desafio, muitas vezes enlouquecedor". "Tenho a sorte de contar com uma equipe excelente. Também me preparei durante um ano para enfrentar isso."
Guimarães Rosa
A diretora Yara de Novaes se inspirou no conto "Esses Lopes" do livro Tutameia, Terceiras Estórias, de Guimarães Rosa, para criar Maria Miss, que é narrada em primeira pessoa e tem um cenário minimalista. "Seguimos a ideia do conto, que tem uma estrutura que sugere algo simples.
Além disso, Guimarães nos leva para algo mais essencial e menos espetacular, em que a palavra é capaz de tirar as coisas do lugar", ressalta Yara, que já esteve outras vezes no festival com espetáculos como Tio Vânia e Caminho para Meca, mas está ansiosa para se apresentar pela primeira vez no Teatro do Paiol.
"Sei que é um lugar muito especial para Curitiba, que tem uma história bastante interessante."



