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Recusa se baseia em etnia quase extinta de índios brasileiros: dois integrantes da tribo foram encontrados no Mato Grosso, contrariando a hipótese de desaparecimento | Ale Catan/Divulgação
Recusa se baseia em etnia quase extinta de índios brasileiros: dois integrantes da tribo foram encontrados no Mato Grosso, contrariando a hipótese de desaparecimento| Foto: Ale Catan/Divulgação

Bastidores

Confira algumas curiosidades sobre os primeiros dias do Festival de Teatro de Curitiba, que começou na semana passada:

Mais alto! - A estreia do Festival de Teatro de Curitiba para convidados na última terça-feira, 26, com a apresentação de algumas cenas de Homem Vertente na Ópera de Arame, gerou discussão sobre a escolha do local. A acústica foi considerada péssima, e muita gente teve dificuldade para entender o texto. Teve quem criticasse também a infraestrutura dos banheiros. As seções do último fim de semana foram transferidas para esta quinta-feira e domingo.

Carros - A Pedreira Paulo Leminski acabou servindo de estacionamento para os convidados da "versão pocket" de Homem Vertente, apresentada na Ópera de Arame. Algo um tanto desolador para quem costumava assistir a espetáculos musicais no espaço e um esboço do que possivelmente desejam os vizinhos que por tanto tempo conseguiram proibir a realização de shows por lá.

Demora - O sistema de vendas detalhista utilizado nos guichês do Festival de Teatro tem gerado filas e demora na compra de ingressos. O atendente precisa confirmar as opções escolhidas pelo cliente diversas vezes, o que prolonga o processo de venda.

Ponto de encontro - Quer cruzar com artistas e profissionais do festival? O ponto de encontro tem sido o Café do Teatro, no centro, próximo ao Teatro Guaíra. A pizzaria Piola, no Batel, é bastante procurada para jantar. A balada segue em bares como James, também no Batel, e Simão, nas Mercês, que já é frequentado pela cena teatral da cidade.

Confusão - Algumas pessoas chegaram a ir até o Guairão na última quarta-feira, 27, para conferir a montagem belga Kiss & Cry, cancelada pelo festival por problemas de logística. Na entrada do teatro, foi possível perceber que muita gente não sabia da troca de espetáculos. O substituto, Uma Noite na Lua, acabou ficando um pouco esvaziado.

Galã? - Eleito melhor ator pela Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) por seu excelente trabalho no monólogo Uma Noite na Lua, o ator e comediante Gregório Duvivier, 26 anos, apesar do porte físico "econômico", arrancou suspiros femininos durante a única apresentação do espetáculo no festival. Ao fim da peça, ouviam-se gritos de "lindo!" na plateia e uma fã chegou a ir até o palco para entregar um presentinho para o ator, que também é uma das estrelas do humorístico da internet Porta dos Fundos.

Baianidade - Foi impressionante o "rolo compressor" de divulgação trazido da Bahia para divulgar a mostra de teatro do estado. Com a publicação de um livro sobre peças de seus grupos, a vinda do secretário de Cultura e uma festa no Memorial de Curitiba, o grupo deixou claro que apoia as artes por lá. Será que as peças curitibanas serão alvo da mesma divulgação para críticos de fora que vieram ao festival?

Líquido e certo - Foi uma delícia observar a caravana de alunos do 1º ano do ensino médio que assistiu a O Líquido Tátil, no Paiol, na última quarta-feira. As professoras de História e Artes do Colégio Nossa Senhora de Belém, de Guarapuava, certamente contribuiram para a criação de novos espectadores de teatro.

A segunda semana do Festival de Teatro de Curitiba começa com peças premiadas, estreias nacionais e o segundo espetáculo internacional, In the Dust, da consagrada companhia britânica 2Faced Dance. Pós-feriado de Páscoa, a expectativa da organização é que os próximos dias promovam ainda mais movimentação teatral na cidade, já que, além das peças, a programação traz uma apresentação da Banda Panamericana, no Teatro Positivo, na quarta-feira, e o Gastronomix, feira gastronômica que acontece sábado e domingo no Museu Oscar Niemeyer.

Entre as atrações da Mostra 2013, um dos curadores do festival, Celso Curi, indica Recusa, que levou o Prêmio Shell (etapa Rio de Janeiro) de melhor direção e cenário. O espetáculo surgiu a partir de uma notícia divulgada em 2008 sobre o aparecimento, no Mato Grosso, de dois índios sobreviventes de uma etnia considerada extinta há mais de vinte anos.

"É um trabalho lindo, que conta a nossa história, e os atores [Antonio Salvador e Eduardo Okamoto] são geniais."

Curi destaca ainda Mara­vilhoso (estreia nacional), sobre a história de um homem que se vê sem perspectivas depois do enterro da mãe. "É um grupo com jovens atores que logo devem despontar na lista dos melhores", acredita o curador, que aconselha o público a aproveitar para assistir a espetáculos de companhias de outros estados, como O Diário de Genet, da Ateliê Voador Companhia de Teatro, e Breve, da Teatro da Queda, ambas de Salvador (BA). "É algo que fica mais difícil de se ver fora do festival depois", salienta.

Outra estreia desta segunda-feira, também premiada, é O Homem Travesseiro, com direção e atuação de Bruce Gomlevsky, que venceu o Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) nas categorias de melhor espetáculo, direção e ator coadjuvante (Tonico Pereira), além de ter sido considerada uma das dez melhores montagens de 2012 pelo jornal O Globo.

Gomlevsky teve contato com o texto de Martin McDonagh, que já foi encenado pelo mundo afora, há quatro anos, e ficou impressionado com a qualidade dramatúrgica.

"Fizemos uma tradução que é encenada na íntegra, e que toca em temas importantes, como a liberdade de expressão, a censura e o poder transformador da arte", disse o diretor, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.

O acúmulo da função com a de ator, diz ele, é um "grande desafio, muitas vezes enlouquecedor". "Tenho a sorte de contar com uma equipe excelente. Também me preparei durante um ano para enfrentar isso."

Guimarães Rosa

A diretora Yara de Novaes se inspirou no conto "Esses Lopes" do livro Tutameia, Terceiras Estórias, de Guimarães Rosa, para criar Maria Miss, que é narrada em primeira pessoa e tem um cenário minimalista. "Seguimos a ideia do conto, que tem uma estrutura que sugere algo simples.

Além disso, Guimarães nos leva para algo mais essencial e menos espetacular, em que a palavra é capaz de tirar as coisas do lugar", ressalta Yara, que já esteve outras vezes no festival com espetáculos como Tio Vânia e Caminho para Meca, mas está ansiosa para se apresentar pela primeira vez no Teatro do Paiol.

"Sei que é um lugar muito especial para Curitiba, que tem uma história bastante interessante."

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