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O Lobo de Wall Street: lançado apenas em digital. | Divulgação
O Lobo de Wall Street: lançado apenas em digital.| Foto: Divulgação

A caminho de uma saída de cena anunciada há alguns anos, a película 35mm recebeu uma simbólica pá de cal nos últimos dias. A Paramount foi o primeiro dos grandes estúdios de Hollywood a anunciar que só lançará filmes no suporte digital. Em breve, a palavra filme deverá existir apenas como nostálgica expressão da obra de arte em si.

O símbolo desta nova era do mítico estúdio é O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, lançado no final de dezembro nos Estados Unidos apenas no formato digital – Scorsese, cinéfilo dos mais apaixonados, coordena um projeto de restauro e preservação de clássicos em película.

Em curso desde 2005, quando os grandes estúdios americanos criaram a Digital Cinema Initiatives (DCI), comissão que estabeleceu os parâmetros técnicos para garantir que o suporte digital tivesse a mesma qualidade da projeção em película, a digitalização do cinema passou por um momento de impasse, em razão de quem pagaria os custos da transição. O modelo de financiamento adotado foi o VPF (Virtual Print Fee, ou "taxa de cópia virtual"), uma divisão de custos que envolve estúdios, distribuidores e exibidores.

Custos

O acordo permitiu que a digitalização iniciada na captação da imagem unificasse também a distribuição e a projeção. A redução de custo é expressiva. Se cada cópia em 35mm custa entre US$ 1 mil e US$ 2 mil, o filme empacotado em um HD está hoje na faixa dos US$ 100. Parte do que a distribuidora economiza no processo ajuda o exibidor a pagar o equipamento.

Nos EUA, a digitalização no padrão DCI alcança 92% do circuito e deve se completar ainda em 2014. Embora atrasado no processo, com 31,9% do circuito digitalizado, o Brasil deve levar, no máximo, mais um ano para também se aproximar da totalização. Isso por conta do desembaraço de entraves fiscais e burocráticos que reduziram pela metade o custo do exibidor (de cerca de R$ 500 mil para R$ 250 mil) e, principalmente, pelas linhas de financiamento disponibilizadas pelo governo federal, via BNDES e Fundo Setorial do Audiovisual, em projeto coordenado pela Ancine, que tem como meta digitalizar, ainda em 2014, 1,4 mil das 2,6 mil salas de cinema do país.

A sobrevivência da película, segundo especialistas, se dará como um fetiche, reunindo aficionados em cinematecas, e para fins de preservação de filmes em arquivo.

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