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Pequenas Misses mostra os bastidores de concursos de beleza para crianças | Divulgação
Pequenas Misses mostra os bastidores de concursos de beleza para crianças| Foto: Divulgação

No ótimo filme Pequena Miss Sunshine (2006), dirigido por Jonathan Day­­ton, uma garotinha que usa óculos e está um pouco acima do peso insiste em querer participar de concursos de beleza para crianças. Sua família, um tanto excêntrica, resolve encarar a viagem a bordo de uma velha Kombi para levar a menina a realizar seu sonho. Chegando no concurso, ela se depara com uma realidade bem diferente e vê que não é possível concorrer com pequenas beldades superproduzidas, que mais parecem bonecas de plástico. Essa é a sensação que se tem ao assistir ao programa Pequenas Misses, no canal pago Discovery Home&Health.

Na atração, é possível acompanhar a saga de famílias que percorrem o país para que as filhas participem de concursos de beleza, que pipocam pelos Estados Unidos e são bastante populares. Há competições em diversos estados e em várias categorias de idade (algumas ainda bebês concorrem).

Beira o surreal a que as meninas se submetem em busca de coroas cintilantes e títulos. O pior é que tu­do é feito com o consentimento das mães que, em grande parte das ve­zes, obrigam as meninas a participar em busca de prêmios consideráveis em di­­nheiro.

Mães que, insatisfeitas por provavelmente não terem sido reconhecidas como belas, projetam o seu desejo nas filhas e, sutilmente, exigem que elas vençam. Há alguns casos em que pais atônitos que acompanham tudo, provavelmente a mando das esposas, dizem que a filha precisa "ganhar para a ma­­mãe". Para agradar aos jurados, que avaliam a aparência, o traje e algum "talento" apresentado pelas garotas (geralmente, cantar ou dançar), as mães en­­chem as meninas de cílios postiços e apliques no cabelo. Muitas as submetem a bronzeamento artificial, o que, ob­­viamente, incomoda as crianças, que reclamam da sensação e das do­­­­res causadas pelos puxões no cabelo e pelos retirados das sobrancelhas. Algumas famílias chegam ao cúmulo de encomendar uma espécie de dentadura para esconder qualquer sinal de falha no sorriso.

Custos

O investimento, segundo o relatos dos pais, é alto. Um vestido e uma fantasia, o que é geralmente exigido nos concursos, pode custar até US$ 500. Os outros preparativos, como idas à manicure, cabeleireiro e reparos finais nas roupas, além de passagens e transportes, é oneroso. Em um dos programas, uma mãe chega a dizer que prefere gastar nos concursos do que colocar o dinheiro em uma poupança para que a filha, futuramente, curse uma faculdade.

As meninas habitués nas competições têm até uma pessoa especializada que orienta a performance final. Para as menos abonadas, o ensaio da mãe, que tenta ensinar passos, caras e bocas, costuma resolver parte do problema. No palco, o que vale é a decisão dos jurados, mas os pais não medem consequências para provar que as filhas são "as mais bonitas". Como em todo o concurso, e em tudo na vida, é preciso lidar com a derrota. O que nem sempre as pequenas conseguem. É visível que essas famílias estão criando meninas que não sabem, e não saberão no futuro, lidar de maneira saudável com as frustrações.

Serviço

Pequenas Misses. Segundas-feiras, às 21 horas, no Discovery Home & Health.

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