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Já virou tradição. Todos os anos a indústria cinematográfica fica à espera daquele pequeno filme que, aparentemente do nada, se transformará em sucesso de público e de crítica, para mais tarde chegar à temporada de prêmios com força equivalente a de produções bem mais caras, bancadas por grandes estúdios. Exemplos disso não faltam.

O caso mais recente foi Pequena Miss Sunshine, comédia dramática da dupla de diretores Valerie Faris e Jonathan Dayton que, além de ter vencido o Oscar de melhor roteiro original, arrecadou perto de US$ 100 milhões ao redor do mundo, mais de 12 vezes o valor de seu orçamento.

À medida que o primeiro semestre de 2007 se aproxima do fim, um pequeníssimo e despretensioso filme independente norte-americano começa a trilhar o mesmo caminho.

Waitress (Garçonete, em tradução livre) foi um dos títulos mais comentados no último Festival de Sundance (EUA), principal mostra de cinema independente no mundo. Disputado a tapas pelas distribuidoras, foi lançado dia 2 de maio último e já desponta como um dos longas-metragens mais bem recebidos pela crítica do ano até o momento – e com grandes chances de alcançar a meta de qualquer produção de baixo orçamento: romper o limitado circuito exibidor destinado ao cinema alternativo. Tudo leva a crer que isso irá acontecer em breve.

Há vários motivos pelos quais Waitress vem chamando a atenção da imprensa norte-americana. Um deles nada tem a ver com suas qualidades estéticas. A diretora e roteirista do filme, Adrienne Shelly, também atriz, não viveu para ver o sucesso de seu terceiro longa. Foi morta, em janeiro passado, por um imigrante ilegal equatoriano. Em um primeiro momento, a polícia acreditou tratar-se de suicídio – Adrianne foi encontrada no banheiro de seu apartamento em Nova Iorque, enforcada. Dias mais tarde, no entanto, investigações levaram ao suspeito, que confessou o crime e aguarda julgamento.

Solidão feminina

O enredo de Waitress explora, como muitos outros filmes dirigidos por mulheres, o tema da solidão feminina. Conta a história de Jenna, jovem garçonete do sul dos Estados Unidos que, para espantar a frustração com sua vida pessoal, dedica-se ao hobby de fazer deliciosas tortas, às quais dá nomes pouco convencionais, quase todos relacionados a seu cotidiano.

Quando se descobre grávida do marido, Earl, um sujeito inseguro e possessivo, Jenna percebe que seu destino pode estar traçado e as perspectivas são bastante sombrias.

A personagem é vivida por Keri Russell, mais conhecida do público brasileiro como a protagonista do seriado Felicity, que teve suas quatro temporadas exibidas por aqui pelo canal pago Sony Entertainment Television. A atriz, que vem tentando há algum tempo fazer a transição da telinha para o cinema, vem recebendo elogios unânimes por sua atuação e alguns críticos chegam até mesmo a cogitar uma possível indicação ao Oscar. É cedo para isso, mas ela deve, com certeza, estar exultante. O cinema finalmente a aceitou de vez.

Como boa parte da ação se passa no restaurante, um típico diner, Waitress vem sendo festejado como um delicado e sensível estudo sobre a vida numa típica cidade pequena dos Estados Unidos. O crítico A. O. Scott, do The New York Times, em um texto bastante elogioso à produção, afirma que o filme "é uma fatia da cultura americana (em menção às tortas de Jenna), mas servida com um sorriso triste".

Com uma excelente média de espectadores por sessão, o circuito do longa de Adrienne Shelly vem ganhando salas semana a semana. Até o fim do ano ou começo de 2008, deve ser lançado no Brasil. Basta que as primeiras indicações a prêmios dêem o sinal verde para as distribuidoras nacionais e Waitress estará entre nós.

Ligeiramente Grávidos

Outro filme que promete dar o que falar em 2007 é a comédia Ligeiramente Grávidos, de Judd Apatow, o mesmo diretor de O Virgem de 40 Anos. Não é uma produção independente, como Waitress, mas tem bastante em comum com a história criada por Adrienne Shelly.

Para começar, ambos são estrelado por atrizes cujos nomes estão ligados mais à tevê do que ao cinema. Em Knocked Up, a bela e talentosa Katherine Heigl, a sensível cirurgiã Izzie Stevens de Grey’s Anatomy, é Allison Scott, uma ambiciosa repórter do canal E! Entertainment Television que acaba de ser promovida. Para comemorar a promoção, a moça vai para a balada e, depois de alguns (muitos) drinques a mais, acaba tendo um caso de fim de noite com Ben Stone (Seth Rogen), sujeito com vocação para o ócio eterno que vive de sub-empregos e é exatamente o oposto de Allison, que sonha muito alto.

O que a jornalista não espera é que, semanas depois de sua aventura sexual aparentemente sem conseqüências, um teste positivo de gravidez se coloque entre ela e seus planos de carreira. O confronto entre esses dois projetos de vida, o de Allison e o de Ben, parece ter conquistado a crítica, que já o aponta como possível campeão de bilheterias neste ano.

Tevê

O fato de tanto Waitress quanto Ligeiramente Grávidos serem protagonizados por estrelas de seriados televisivos confirmam uma tendência no mundo do entretenimento atual. As séries, quando emplacam, alcançam uma repercussão planetária tão grande que seus atores e atrizes acabam encurtando o caminho rumo ao estrelato. Exemplos não faltam. George Clooney se destacou primeiro na série E. R., para depois se tornar um ator e diretor dos mais respeitados em Hollywood. Jennifer Hudson, defenestrada do show de calouros American Idol, venceu neste ano o Oscar de melhor atriz coadjuvantes por Dreamgirls. E por aí vai a lista.

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