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O cantor em novembro de 2012, durante show com a Orquestra à Base de Sopro em Maringá, na Virada Paraná de 2012 | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
O cantor em novembro de 2012, durante show com a Orquestra à Base de Sopro em Maringá, na Virada Paraná de 2012| Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo

CD

Três Tons de Emílio Santiago

Emílio Santiago. Universal Music.

R$ 59,90. MPB.

A morte de Emílio Santiago, vítima de AVC, em 20 de março de 2013, significou uma baixa devastadora para o já diminuto elenco de grandes vozes masculinas no Brasil. De acordo com o jornalista, escritor e pesquisador Rodrigo Faour, o estilo do cantor – grave, elegante, suave, com grande atenção às divisões rítmicas – não fez escola. "Ele vem da linhagem de Dick Farney [1921-1987], Agostinho dos Santos [1932- 1973], uma turma que, por incrível que pareça, não deixou herdeiros", diz, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.

"Hoje, ou os cantores não se importam com cantar, ou imitam cantores de soul e gospel americanos. E a nova MPB não se preocupa com voz", analisa.

Uma amostra significativa deste capítulo da música brasileira pode ser revisitada na recém-lançada Três Tons de Emílio Santiago, caixa que inclui os álbuns Comigo É Assim (1977), O Canto Crescente de Emílio Santiago (1979) e Guerreiro Coração (1980). A seleção é de Faour, que também assina os textos do livreto e da contracapa.

Seleção

O pesquisador pinçou os discos da época de Santiago na Philips, hoje acervo da Universal Music. Comigo É Assim é o terceiro LP do cantor.

"Além de ser ótimo, e de ter um monte de arranjadores de peso [como Antonio Adolfo, João Donato, Roberto Menescal e Sivuca], tem ‘Nega’, que foi o primeiro sucesso de Emílio quando entrou na novela O Astro [da TV Globo]", conta Faour.

O disco ainda traz faixas como a ótima "Minha Esquina", de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, "No Balanço do Trem", de Gonzaguinha, e "Te Cuida, Rapaz", de Dominguinhos e Anastácia.

Lançado após o bem-sucedido Feito pra Ouvir (1977), já reeditado em 2009 pelo selo Dubas Música, e Emílio (1978), que não teve sucessos, O Canto Crescente de Emílio Santiago, de 1979, foi a escolha seguinte de Faour para o box.

O disco tem "Logo Agora", de Jorge Aragão e Jotabê. Santiago conheceu a canção em um show do grupo Fundo de Quintal no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro, conforme o próprio cantor conta no livreto, em depoimento a Faour, que chegou a trabalhar em uma reedição não concretizada do disco na metade da década passada. "‘Logo Agora’ foi um emblema de Emílio vida afora. O Canto Crescente é um disco muito bem produzido e traz grandes pérolas que não eram tão gastas na época, como ‘As Rosas Não Falam’", conta o pesquisador.

Completa a antologia o álbum Guerreiro Coração, o primeiro gravado ao vivo pelo cantor, que o tinha em alta conta.

"É um disco que muita gente não conhece, porque não fez sucesso, passou meio em branco. Mas é um disco que tem aquele clima de crooner da noite que o Emílio foi", diz Faour.

Trajetória

Para o pesquisador, Santiago começou sua carreira na hora certa, quando a tecnologia da indústria fonográfica já estava avançada, mas ainda havia uma mentalidade de apostas em nomes de prestígio, cujo investimento era pago por artistas que vendiam melhor.

"Foi uma trajetória discreta até o Menescal dar o pulo do gato com as Aquarelas [de 1988 a 1995], que, o popularizaram", explica Faour. "Mas ele nunca deixou o bom cantar, as boas divisões. A maior parte do repertório dele era de bom gosto e essa musicalidade não se perdeu. Tanto que, no fim da vida, ele gravou vários discos retomando esse início."

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