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Leonardo DiCaprio é dirigido por Clint Eastwood em J. Edgar, que contará a história do lendário chefe do FBI | Divulgação
Leonardo DiCaprio é dirigido por Clint Eastwood em J. Edgar, que contará a história do lendário chefe do FBI| Foto: Divulgação
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Em breve

Embate entre Freud e Jung

Um dos filmes mais aguardados do ano é Um Método Perigoso, do canadense David Cronenberg. Depois dos excelentes Marcas da Violência e Os Senhores do Crime, o cineasta volta a trabalhar com seu ator-fetiche, o ótimo Viggo Mortensen, que desta vez interpreta ninguém menos do que Sigmund Freud, um dos fundadores da psicanálise.

Escrito por Christopher Hampton, Um Método Perigoso, assim como Ligações Perigosas (1988), que lhe deu Oscar de melhor roteiro adaptado, tem como base uma peça teatral de sua autoria, The Talking Cure. Mas também tem pitadas do livro A Most Dangerous Method, de John Kerr, baseado em fatos verídicos.

A trama narra a relação entre Freud, Jung (Michael Fassbender, premiado no último Festival de Veneza por Shame) e uma jovem paciente de origem russa, Sabina Spielrein, vivida pela britânica Keira Knightley.

Um Método Perigoso tem estreia no Brasil prevista para o dia 25 de novembro. (PC)

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Os pais da psicanálise no novo filme do cineasta David Cronenberg

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Michelle Williams brilha como Marilyn

Cinebiografias que acompanham a vida de seus protagonistas do berço ao túmulo costumam ser problemáticas: não dão conta da multiplicidade de experiências que compõem a vida do personagem, e quase sempre resultam em narrativas superficiais e redutoras. Assim, recortes temporais, que abrangem um período específico na trajetória do biografado permitem um olhar mais profundo.

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À medida que o tempo começa a esfriar no Hemisfério Norte, esquenta a temporada de filmes tidos como sérios, que ambicionam o reconhecimento da crítica, e uma vaga entre os candidatos ao Oscar. Neste ano, basta uma olhada na lista dos títulos para perceber que muitos deles são cinebiografias de personagens importantes, o que quase sempre é um chamariz de público, mas com frequência também um risco, por conta das inevitáveis comparações entre a suposta verdade dos fatos e a forma como esses acontecimentos são reconstituídos (ou omitidos).

Em breve, provavelmente nos primeiros meses de 2012 no Brasil, estarão em uma sala de exibição perto de você longas-metragens que contam a vida, ou episódios das biografias, de vultos tão díspares quanto J. Edgar Hoover, patrono do Federal Bureau of Investigation (FBI), a polícia federal norte-americana; a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, que comandou com mão de ferro a Grã-Bretanha de 1979 a 1990; a estrela de cinema Marilyn Monroe, um dos maiores ícones de Hollywood de todos os tempos; e até os psiquiatras Sigmund Freud e Carl Gustav Jung, fundadores da psicanálise.

A escolha do período para a estreia desses filmes não é aleatória. A possibilidade de eles figurarem nas listas de melhores do ano, algo que alavanca as chances das produções na corrida para o Oscar, é consideravelmente maior quando os longas estão frescos na memória de quem interessa: a imprensa especializada e os integrantes da Academia. E, no caso de cinebiografias, é sempre grande a expectativa de público e crítica em relação às performances dos atores.

Astro

Dentre essas produções nenhuma representa tanta importância para seu astro principal quanto J. Edgar. Leonardo DiCaprio foi indicado ao Oscar três vezes: a melhor ator coadjuvante por Gilbert Grape – O Aprendiz de Sonhador (1993), e a melhor ator por O Aviador (2004) e Diamante de Sangue (2006). Nunca ganhou. Mas, desta vez, pode ser diferente. Pelo menos é o que dizem sites e blogs especializados, como o awardscircuit.com, que o coloca no topo da lista de favoritos. Sobretudo por causa da complexidade do personagem que ele interpreta no filme de Clint Eastwood.

Conservador, anticomunista, homossexual não assumido, manipulador, meticuloso, político e até mesmo truculento, quando a situação exigia essa postura, J. Edgar Hoover (1895-1972) é um anti-herói americano. Foi o chefe do FBI por 48 anos, serviu oito presidentes dos Estados Unidos e só deixou o cargo quando morreu. Ainda assim, ocupa um lugar ambíguo na história do país. Não é lembrado com nostalgia.

Embora J. Edgar tenha lançamento previsto apenas para 9 de novembro nos Estados Unidos e não tenha sido exibido sequer uma vez, o filme já está recebendo críticas da militância gay por não dar a devida atenção à controversa relação do protagonista com Clyde Tolson (Armie Hammer, de A Rede Social), seu protegido e diretor associado do FBI. Para muitos biógrafos, os dois teriam sido amantes durante décadas e até gostavam de se vestir como mulheres. Mas rumores dão conta de que o filme, apesar de sugerir que o relacionamento entre eles foi bem além de um vínculo meramente profissional ou de amizade, teria feito a opção de enfocar mais a dimensão pública e política de Hoover do que sua vida íntima. A ver.

Polêmica

Não deve ser muito diferente o tratamento dado a Margaret Thatcher em A Dama de Ferro. A diretora do filme, a inglesa Phyllida Lloyd, depois do estrondo internacional de Mamma Mia!, resolveu não mexer em time vencedor: convidou a estrela de seu musical, Meryl Streep, para viver o papel da também polêmica primeira-ministra britânica.

O filme, que será lançado em 16 de dezembro nos Estados Unidos, é narrado em flashbacks, dando especial atenção a alguns episódios da trajetória de Thatcher, como os dias que antecederam a Guerra das Malvinas, em 1982.

Uma primeira versão do filme apresentada à família da ex-primeira-ministra parece ter desagradado os seus filhos, que o teriam considerado "uma fantasia esquedista". Já setores mais liberais na Grã-Bretanha, como o jornal The Guardian, estariam preocupados com o fato de o filme deixar um pouco de lado a forma pouco hábil que Thatcher demonstrou tanto no conflito nas Malvinas como em relação aos movimentos sindicais, para enaltecer o triunfo da personagem numa ordem social majoritarimente masculina e resistente à sua figura.

Por último, alguns espectadores, que tiveram acesso a uma versão inacabada do longa, teriam ficado um pouco chocados com a forma com que o filme retrata a atual decadência física e mental de Margaret Thatcher, que sofre da doença de Alzheimer.

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