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Público respeitou o show de Peter Gabriel, que exigia mais concentração e silêncio do que é costume em festivais, mas defesa de causas políticas incomodou | Thays Bittar/Folhapress
Público respeitou o show de Peter Gabriel, que exigia mais concentração e silêncio do que é costume em festivais, mas defesa de causas políticas incomodou| Foto: Thays Bittar/Folhapress

Duran Duran foge do saudosismo e faz vibrar

Quem esperava um show saudosista do Duran Duran deve ter ficado decepcionado. Apesar da evidente empolgação da plateia com os hits dos anos 1980, fase áurea da banda inglesa, eles passearam pelo repertório de toda a carreira. Ajuda muito que o disco mais recente, All You Need Is Now! (2010), tenha boas faixas, contempladas no show em Paulínia.

Toda a banda estava com figurinos brilhantes. O vocalista Simon Le Bon, simpático e sem afetação, desceu ao público e escolheu um fã para cantar com ele a abertura de "The Reflex".

O número de fãs diante do palco Energia era bem menor do que o de sábado no show do Black Eyed Peas. Culpa da concorrência: o Hole de Courtney Love, a viúva barraqueira de Kurt Cobain, tocava ao mesmo tempo no New Stage.

New Romantics

Banda de uma época em que melodia e harmonia valiam muito no pop e pioneira da cena conhecida como New Romantics (que incluía também grupos como o Spandau Ballet e o Ultravox), o Duran Duran desfilou hits que fisgaram o público. O encerramento, com "Rio", foi matador. Em tempo: o baixista John Taylor é forte concorrente a melhor instrumentista do SWU.

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No sábado

"Ópera rap" de Kanye West rouba a cena no primeiro dia

Se o primeiro dia do festival SWU teve um espetáculo, na melhor acepção da palavra, este ficou a cargo do rapper Kanye West. Com um show longo (duas horas), elaborado e ambicioso, o astro americano mostrou em Paulínia uma espécie de "ópera rap", cheia de efeitos especiais (fumaça, fogos, trocas de figurino) e bailarinas. Não foi, no entanto, o campeão de audiência – glória que coube aos Black Eyed Peas e a Snoop Dogg.

Ao longo do dia (que começou com um calor insuportável, atenuado no fim da tarde), o público assistiu a shows mais e menos empolgantes, mas todos razoavelmente simples e diretos. West mudou tudo isso já ao entrar em cena, às 21h35 do sábado, surgindo de surpresa no meio do público (isolado por grades de segurança), ao som de "Dark Fantasy".

Suando a camisa (literalmente), com uma banda formada apenas por um baixista, um tecladista e um DJ, West gastou a primeira metade do show com a parte mais teatral, cheia de canções com uma pegada religiosa, como "Jesus Walks" e "Can’t Tell Me Nothing".

Mas foi quando investiu em seus sucessos que o rapper realmente acendeu o público. "Brasil, se vocês estão prontos para festejar, façam barulho!", pediu, antes de apresentar uma sequência que teve "Homecoming", um belo momento, só no piano e no coro da galera, e "Touch the Sky".

Animado com a boa resposta do público, o rapper resolveu provocar. "Estamos só começando, certo? Eu toquei alguns hits, mas ainda não toquei os de verdade." Ato contínuo, emendou o megahit "Gold Digger" e "All of the Lights" (essa, com rápida participação da loira Fergie, que se apresentaria na sequência com os Black Eyed Peas).

"Quero que vocês se lembrem dessa noite pelo resto de suas vidas. Amo vocês", disse, com a simpatia que deu o tom de sua apresentação.

Na volta para o bis – com uma coreografia das bailarinas ao som do tema de "Carruagens de Fogo" –, o público (bem inferior ao do rapper Snoop Dogg, que havia tocado antes no palco em frente) havia diminuído ainda mais, e chegar à frente do palco tornou-se tarefa simples. West pareceu sentir a esvaziada, e encerrou o show de modo profissional, mas um tanto lacônico, com "Hey Mama".

Barulho

Na sequência, o Black Eyed Peas encerrou a noite com um show com muito barulho e nenhum brilho. Os hits da última década foram reproduzidos com batidas estridentes e vocais gritados. Will.i.am e Fergie não pareciam tão soltos como em outras visitas ao Brasil.

Uma parte do público foi deixando a arena durante o show. A multidão que ficou se sentiu de alma lavada quando a banda soltou seu maior hit, "I Gotta Feeling".

Às 2h da madrugada de domingo, as pessoas percorriam boas distâncias fora do Parque Brasil 500 até encontrar seus veículos para a volta ao lar. A espera por um táxi durava quase uma hora, mas o clima ameno da madrugada era agradável. (Folhapress)

Sarah Conard/Reuters

Fergie e Will.i.am, dos Black Eyed Peas, lavaram a alma com "I Gotta Feeling"

  • Ingleses do Duran Duran fisgaram os fãs com hits como

Paulínia, SP - Se o sábado do SWU teve black music e a segunda-feira foi destinada ao hard rock, a programação do domingo foi difícil de classificar. O encerramento do segundo dia do evento – que teve de Zé Ramalho a Courtney Love –, em Paulínia (a 117 km de São Paulo), trouxe duas atrações que só têm em comum os anos de estrada.

Peter Gabriel, responsável pelo último show da programação do fim de semana, é o ex-integrante do Genesis cujo trabalho, denso e politizado, tornou-se ainda mais grandioso em companhia da New Blood Orchestra. Já o Lynyrd Skynyrd é uma banda de norte-americanos beberrões e simpáticos que só pensam em divertir seus iguais: outros beberrões, principalmente os fãs das motos Harley-Davidson.

A apresentação de Gabriel, com arranjos lentos e canções introspectivas, demanda silêncio e concentração. Tem vocação para espaços fechados e menores. Os fãs foram extremamente respeitosos, assistindo a tudo com reverência. Até se empolgaram em hits como "In Your Eyes", "Mercy Street" e "Solsbury Hill".

Mas o progressivo esvaziamento da área em frente ao palco mostrou que nem todos conseguiram aguentar as quase duas horas de espetáculo. Até porque Gabriel acres­­centou longos discursos em português.

Além das introduções das canções, contando as histórias por trás delas, Gabriel defendeu causas po­­líticas, desde a Primavera Árabe até a luta contra o alistamento forçado de crianças na África. Ele terminou diante de uma plateia de poucos resistentes, com a canção "Biko".

No caso do Lynyrd Skynyrd, tudo foi mais simples. Os velhos cabeludos tocaram rock e blues acelerado para uma legião de fãs que desde cedo exibia camisetas com o nome da banda pelas áreas do festival. O grupo perdeu seus integrantes mais importantes num acidente de avião em 1977, mas os sobreviventes levam adiante sua bandeira de diversão.

Por mais que pareça uma banda cover da original, o Lynyrd ainda consegue arrepiar os fãs de mais de 40 anos com os acordes de "Sweet Home Alabama" ou da delirante "Free Bird", que encerraram o show.

Atraso causa briga entre equipes

A chuva forte que caiu no domingo à tarde em Paulínia causou mu­­danças na programação dos shows do segundo dia do SWU e uma briga entre os assistentes de palco de Peter Gabriel e do Ultraje a Rigor. Quando a banda brasileira iria começar seu show no palco Consciência, às 16 horas, rajadas de ventos empurravam a chuva so­­bre o local e a apresentação foi adiada.

Com o show do Ultraje rolando mais tarde, já sem chuva, membros da equipe de Peter Gabriel, programado para tocar depois do norte-americano Chris Cornell, queriam que a banda brasileira encurtasse seu show. Houve uma discussão seguida de socos entre roadies das bandas, que foi logo apartada.

Antes de continuar o show, Roger Moreira, vocalista do Ultraje, desabafou com a plateia. "É f*! Artista gringo vem aqui cagar na nossa cabeça. A gente já fica com o som pior e vem um babaca desse fazer merda aqui."

O público pensou que ele falava de Chris Cornell e vaiou o roqueiro americano. Depois do show, Roger alfinetou Gabriel no Twitter. Ontem, o vocalista do Ultraje afirmou, por meio da rede social, que Peter Gabriel havia lhe telefonado para se desculpar pelo incidente.

Nos palcos principais, Zé Ramalho foi o único da tarde a começar seu show seco. Fez uma apresentação de canções conhecidas de sua longa carreira, com o público cantando juntos hits como "Admirável Gado Novo" e "Frevo Mulher".

Todo de preto, recebeu muito carinho da plateia, repleta de gente com camisetas da banda americana Lynyrd Skynyrd, que fecharia a noite.

Zé Ramalho abriu cantando Gonzaguinha e, quase no fim do show, emendou duas músicas de Raul Seixas, "O Trem das Sete" e "Medo da Chuva". Justamente quando ele cantava esta a água começou a cair em Paulínia. Não foi suficiente para atrapalhar o momento "Toca Raul".

A Tedeschi Trucks Band, liderada pelo casal Susan Tedeschi (vocal e guitarra) e Derek Trucks (guitarra), mostriou seu típico blues rock sulista americano (são de Jacksonville, Flórida), cheio de solos dos instrumentistas.

Duff McKagan atrai fãs do Guns n’ Roses

Bem conservado, especialmente em comparação com seu ex-colega Axl Rose, Duff McKagan, ex-baixista do Guns n’ Roses apresentou-se ontem à tarde no SWU com seu projeto solo, o Loaded, no qual toca guitarra e faz os vocais, e mostrou um show bem mais pesado do que o de suas bandas anteriores. Na próxima quinta-feira, o artista vem ao Paraná para show único junto com a banda Down, do ex-integrante do Pantera, Phil Anselmo, no Curitiba Master Hall.

McKagan atraiu diversos fãs interessados em ouvir su­­cessos do Guns, mas ele fez poucas con­­c­­essões – a maior parte do show foi dedicado ao hard rock de sua banda atual. O cenário melhorou à medida que Duff se aproximou de suas influências punks, como na cover de "New Rose" (Damned), com citação de "You Can’t Put your Arms around a Memory" (de Johnny Thunders). E aí, já perto do fim, vieram as canções do Guns – a balada "So Fine", a pouco tocada "Dust n’ Bones" e, no momento de maior empolgação, "It’s so Easy".

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