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Espetáculo conduz o espectador por uma viagem a diversos lugares por onde passou o circo do palhaço Caturrão, interpretado pelo ator, bailarino e acrobata Ronaldo Aguiar | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Espetáculo conduz o espectador por uma viagem a diversos lugares por onde passou o circo do palhaço Caturrão, interpretado pelo ator, bailarino e acrobata Ronaldo Aguiar| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Um palhaço velho que desiste do picadeiro e, como não bastasse, é atormentado por uma menina que quer trabalhar no circo. Ela tanto insiste, que Caturrão resolve contar toda a sua história. Mas, ao invés de palavras, as memórias do melancólico homem de nariz vermelho são encenadas com música, dança, piruetas e bonecos gigantes. O espetáculo Caravana – Memórias de um Picadeiro, do Circo Roda, estreia no próximo dia 1º na capital paranaense, dentro da programação da Mostra 2012 do Festival de Curitiba.

O espetáculo segue até amanhã em Ponta Grossa, no Cine Teatro Ópera, onde faz uma temporada de pré-estreia. Ao invés do gigantismo do picadeiro, o circo é representado num palco. A façanha exigiu um trabalho intenso dos 18 artistas e da direção. Cordas suspensas do alto do palco geram a sensação de estar sob uma lona que não existe. "O fato de ser algo mais teatral não é, exatamente, um diferencial em relação ao circo tradicional, pelo contrário. É uma forma que encontramos para homenagear o circo, uma arte que, ainda hoje, acontece de maneira muito independente, com pouco incentivo, mas que persiste", explica o assistente de direção Luiz Alex Tasso.

Com mudanças ágeis de cenários, o espetáculo conduz o espectador por uma viagem a diversos lugares por onde o circo do palhaço Caturrão já passou. Em cada lugar, com ou sem palavras, são narradas passagens marcantes – ora felizes, ora amargas – da vida do homem que já não lida tão bem com a idade avançada e com o peso do nariz vermelho. Em pouco mais de uma hora, faz-se um percurso que começa no samba do Rio de Janeiro, passando pelos campanários de Minas Gerais, pela natureza da Floresta Amazônica, pelo sincretismo da Bahia, pela "politicagem" de Brasília, pela modernidade de Curitiba e pelo frevo de Pernambuco.

O ator que interpreta Caturrão, Ronaldo Aguiar, também é bailarino e acrobata. "Essa formação eclética e o fato de eu também ter trabalhado em circo tradicional me ajudaram muito nessa montagem", salienta. Ao longo da peça, Caturrão alterna suas palhaçadas com momentos de profunda tristeza e reflexão sobre a própria vida.

A maioria dos personagens que marcaram a vida de Caturrão dispensam as palavras, mas abusam das expressões da face e do corpo. A acrobata Gabriela Fechter afirma que o desafio de unir as estripulias circenses com o texto dramático deu muito certo. "O circo tem mudado bastante. Trabalhar com essa linguagem de teatro está sendo muito interessante, além do que o espetáculo ganha um aspecto ainda mais humano", considera. A espectadora Andréa de Melo Martins teve a mesma impressão. "Eles retratam, com cuidado, características culturais de cada um desses pontos do Brasil e tudo resulta numa história muito bonita." Ela também levou a mãe, Antônia Martins, e a filha, Carla Barbosa, para assistirem ao espetáculo. "A gente acaba lembrando o tempo de criança, do circo de rua e das emoções que aquilo provocava na gente", afirma Antônia.

Grupo

O Circo Roda nasceu em 2006 com a união dos grupos de teatro Parlapatões e Pia Fraus que, isoladamente, já trabalhavam com arte circense. Os espetáculos Stapafúrdyo (2006), Oceano (2008) e DNA: Somos Todos Iguais (2010) já foram encenados em mais de 30 cidades brasileiras, totalizando um público superior a 600 mil espectadores. Desde 2010, com a peça DNA, o Circo Roda trocou a lona pelo palco. "A gente tem de trabalhar com menos atores, num espaço menor, mas não menos interessante", ressalta um dos criadores do grupo, Beto Andreetta.

Segundo ele, o espetáculo Caravana – Memórias de um Picadeiro ainda não tem um circuito definido depois da passagem por Curitiba. "Costumamos passar por cidades do Paraná, São Paulo e Santa Catarina com os espetáculos, mas vamos definir os rumos do Caravana depois do festival", ressalta Andreetta.

Serviço:

Caravana – Memórias de um Picadeiro, do Circo Roda. Ponta Grossa: Cine Teatro Ópera (R. XV de Novembro, 452/468), (42) 3901-1610. Hoje e amanhã, às 20h30. Ingressos a R$ 15 e R$ 7 (meia-entrada). Curitiba: Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3000. De 1º a 8 de abril, 21h30. Ingressos a R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada, mais taxa de conveniência de R$ 3).Classificação indicativa: livre.

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