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“Sem Título”, de 1987, é uma das mais de 100 obras de Burle Marx que integram a mostra antológica organizada por Antonio Carlos Abdalla, no Museu Oscar Niemeyer |
“Sem Título”, de 1987, é uma das mais de 100 obras de Burle Marx que integram a mostra antológica organizada por Antonio Carlos Abdalla, no Museu Oscar Niemeyer| Foto:

Se Rio de Janeiro e São Paulo receberam a mostra Roberto Burle Marx 100 anos: a Permanência do Instável, que permanece inédita por aqui, agora é a vez de Curitiba conhecer as diversas facetas de Roberto Burle Marx (1909, São Paulo – 1994, Rio), que se estivesse vivo teria completado 100 anos em agosto passado.

Abre hoje, às 11 horas, no Museu Oscar Niemeyer, a exposição Burle Marx – Mostra Antológica e a Paisagem Monumental, organizada pelo curador Antonio Carlos Abdalla especialmente para o espaço.

Ao contrário das montagens exibidas no Paço Imperial carioca e no Museu de Arte Moderna paulistano, com cunho retrospectivo e, portanto, bem mais abrangentes, Abdalla optou por selecionar apenas alguns períodos da obra integral do famoso paisagista. "Há obras do pintor, do desenhista, do gravador, do desenhista de joias, do tapeceiro e do escultor, mas a mostra não pretende nem de longe ser exaustiva", explica.

Foi principalmente com o paisagismo que esse "artista total", como Burle Marx é conhecido, contribuiu para consolidar o ideário modernista no Brasil. Sabe-se, no entanto, que ele gostaria de ser lembrado por sua pintura, sua primeira formação. "O destino e as circunstâncias fizeram-no ser reconhecido como o maior paisagista brasileiro e um dos mais destacados do mundo. Sua importância nessa área é incontestável. Mas sempre cultivou todos seus talentos, e não eram poucos... Resolvi mostrá-lo, privilegiando-o como artista plástico", diz Abdalla.

Cicloramas

A exposição com mais de cem obras de acervos pertencentes a Burle Marx & Cia. Ltda. e o Sítio Burle Marx, no Rio de Janeiro, entre outros, inclui ainda um "núcleo histórico", com uma breve amostragem de técnicas e períodos da obra plástica do artista.

"Mas a grande ‘surpresa’ é a montagem da Paisagem Monu­­mental, reedição de uma pequena exposição comemorativa que foi montada no Museu Santander de São Paulo, em 2008. Trata-se de uma montagem original, dinâmica, fundamentada nos grandes ‘cicloramas’, que foram consagrados principalmente no século 19 como visões panorâmicas de locais destacados e cidades – em especial, do Rio de Janeiro", explica o curador.

A criança que mantinha uma coleção de plantas em sua casa no bairro carioca do Leme escolheu, primeiramente, seguir a trilha das artes plásticas. Em 1929, na Alemanha, frequentou o ateliê de pintura de Degner Klemn e entrou em contato com a vanguarda artística europeia. De volta ao Brasil, cursou pintura e arquitetura na Escola Na­­cional de Belas Artes do Rio de Janeiro, entre 1930 e 1934, por sugestão do amigo e arquiteto Lucio Costa. Tornou-se aluno do pintor Candido Portinari (1903-1962) e do escritor Mário de Andrade (1893-1945), no Instituto de Arte da Universidade do Distrito Federal, entre 1935 e 1937.

"Burle Marx se insere num certo modernismo, revelado a partir da década de 1920 no Brasil, mas o artista flertou muito de perto com o Abstracionismo Geométrico, movimento amplamente difundido no mundo artístico internacional, principalmente a partir da década de 1950", diz o curador. Depois desse período, envereda por um caminho próprio, criando uma obra facilmente identificável como sua.

"Creio que agora o artista Burle Marx está sendo reconhecido e valorizado, muito mais do que há décadas atrás, quando sua atividade como paisagista ‘escondeu’ uma obra interessantíssima. Burle Marx é responsável por um verdadeiro ‘projeto pessoal’, planejado e realizado ao longo de décadas. É uma personalidade multifacetada. Há muito ainda a ser descoberto em seu trabalho", conta Abdalla.

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Serviço

Burle Marx – Mostra Antológica e a Paisagem Monumental, no Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Abertura dia 17, às 11 horas, com entrada franqueada até às 12 horas. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 (adultos), R$ 2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas).

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