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O artista usa cores vivas em 20 telas “contestadoras” |
O artista usa cores vivas em 20 telas “contestadoras”| Foto:

Os temas polêmicos do artista plástico Edilson Viriato reaparecem, agora exclusivamente na pintura, um formato aparentemente bem-comportado, na exposição Contestatório, que abre amanhã no Palacete dos Leões.

Nascido em Paraíso do Norte, interior do Paraná, mas radicado há mais de 20 anos de Curitiba, o artista premiado Edilson Viriato já mergulhou fundo nos mais diversos suportes: fotografia, instalação, escultura e performance – em 1993, por exemplo, entrou em um Museu de Oslo, na Noruega, gritando "Help me!", com o corpo coberto de lama, pigmento vermelho e agulhas de seringas espetadas nos braços. Agora, volta à pintura, que retoma seu papel central nas artes plásticas mundiais. "Cai por terra a banalização dos que querem ser artistas sem o fazer, a técnica. Ou você sabe ou não sabe, e a pintura mostra isso", afirma Viriato.

Nas 20 telas de tamanhos variados, ele subverte com uma explosão de cores um universo que começa a sair do armário à medida que as pessoas se desinibem sexualmente: o sadomasoquista, ao qual costumeiramente são relacionadas cores obscuras como o vermelho e o preto.

Viriato utiliza pigmentos importados que dão um efeito fluorescente e iluminador às obras. "Meu trabalho anterior era muito frio, pesado. Uso as cores porque agora as pessoas estão se liberando mais, sabem que podem ousar, assumir que têm fetiches", justifica o artista, que produziu parte das obras em uma Berlim cinza e fria, onde a cor começa a aparecer "porque as pessoas querem luz, vibração para sentir prazer".

Viriato contesta a aparente falta de sensibilidade associada ao masculino, inserindo-o no contexto sadomasoquista. "Até que ponto o homem precisa da dor para sentir o prazer?", diz. E polemiza ao lembrar da celeuma que causou ao responder a um jornalista norte-americano, durante a Bienal de Cuba, em 1997, que considera Jesus o principal personagem do universo sadomasoquista. "Bateram nele, colocaram uma coroa de espinhos, e ele aceitou tudo isso pelo amor que tinha pelas pessoas", diz, relacionando a dor à necessidade de amar e de ser amado.

Além da polêmica que certamente causará ao expor piercings, tatuagens, roupas de couro, máscaras de gás e outros objetos que provocam dor e prazer, Viriato não teme a contradição ao pôr em xeque o hedonismo excessivo do ser humano. "Queremos tudo: um carro novo, o reino dos céus, que nos amem. Mas será que o ser humano também está doando, se preocupando com a troca?"

Serviço:

Contestatório. Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões (Av. João Gualberto, 530), (41) 3219-8134. Abertura, dia 12, às 19 horas. Segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. Até 10 de abril.

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