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Matt (Alex Russell), Steve (Michael B. Jordan) e Andrew ( Dane DeHaan): poderes que irão mudar suas vidas | Divulgação
Matt (Alex Russell), Steve (Michael B. Jordan) e Andrew ( Dane DeHaan): poderes que irão mudar suas vidas| Foto: Divulgação

Existe uma cena perturbadora em Poder sem Limites, que estreia nesta sexta-feira em todo o Brasil. O jovem An­­drew Detmer, interpretado pelo promissor Dane DeHaan, suspende, com a força da mente, uma aranha a alguns centímetros do chão. Sem piedade, ele divide o pequeno animal em várias partes, e não mostra remorso algum. Mistura de Carrie, a Estranha e X-Men, o longa é focado no público jovem, mas se perde ao empregar um formato documental, no estilo Bruxa de Blair.

Na trama, Andrew nem sempre teve o poder da telecinese. Ele o adquiriu, junto com o primo Matt (Alex Russell) e o colega de escola Steve (Michael B. Jordan), após encontrar um objeto luminoso em um buraco na floresta. Exercitando os poderes como quem malha os músculos, o trio fica cada vez mais capaz de realizar grandes feitos, como voar e explodir objetos (e coisas vivas).

Com o tempo, Andrew passa a se sentir cada vez mais autossuficiente. Acostumado com uma vida triste, abusado pelo pai e humilhado pelos colegas de escola, o jovem passa a experimentar, pela primeira vez, a sensação de ter em suas mãos o domínio da situação. E essa vaidade faz com que ele passe a se importar cada vez menos com as consequências de seus atos.

Utilizando-se das imagens feitas pela câmera com a qual An­­drew filma seu dia a dia, Poder sem Limites resgata um recurso que, após Bruxa de Blair, foi usado à exaustão em outros filmes, como Cloverfield e REC. Esse estilo documental até permite que a produção deixe de explicar algumas questões que surgem (por exemplo, o porquê de Andrew andar por aí com uma câmera ou o que faz com que os jovens ganhem os poderes). Entretanto, em alguns momentos – principalmente no clímax –, o filme não dá conta de se manter fiel à proposta e as imagens acabam parecendo falsas e sem sentido.

Outro problema que também surge desta escolha do diretor Josh Trank, que divide o roteiro com Max Landis, é o desenvolvimento praticamente exclusivo de Andrew. Dono da câmera, ele é o único personagem multidimensional do filme. Enquanto isso, Steve e Matt não passam de garotos populares na escola, sem qualquer outro traço de personalidade. Pior ainda é a blogueira Casey Letter (Ashley Hinshaw), que também vive filmando tudo o que vê pela frente e é incluída na trama só para ter imagens de quando Andrew não está presente.

Por outro lado, a complexidade do personagem dá a oportunidade de DeHaan crescer durante o filme. O jovem talento, que foi destaque no seriado da HBO In Treatment, consegue conferir a Andrew um a fragilidade tão crível que, mesmo em seus momentos mais doentios, desperta um misto de pena e simpatia. E que reforça o velho conselho de Tio Ben, de Homem-Aranha: com grandes po­­­­deres vêm grandes responsabilidades.

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