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Gostar de música erudita em Curitiba é mais ou menos como ser torcedor de um time de futebol meia-boca. Às vezes, as fases são promissoras, com pontos altos inesperados. Às vezes, a temporada é daquelas que ninguém quer que se repita. Mas o que todos sonham mesmo é que a atividade se profissionalize e ande para a frente com mais regularidade. Atualmente, a fase da musica erudita em Curitiba – ao contrário do que acontece com alguns times da cidade – é digna de ser lembrada. Novamente, os profissionais e o público começam a sentir, muito de leve, aquele clima de "agora vai".

Em 2005, o Guaíra retomou, depois de oito anos, a produção de grandes óperas. A Camerata Antiqua conseguiu manter uma programação de bom nível com alguns concertos fora do comum. A cidade recebeu atrações de fora, de peso inquestionável: exemplos são a Filarmônica de Israel e o pianista Nelson Freire. Duas instituições privadas – o Estação Embratel Convention Center e UnicenP – criaram séries de música de qualidade. E, ainda por cima, em outubro surgiu a possibilidade de Curitiba ganhar uma nova orquestra, a Filarmônica do Paraná, regida por Roberto Tibiriçá.

Para 2006, a expectativa é de uma retomada ainda mais significativa. "Estamos em um bom momento", confirma o maestro titular da Orquestra Sinfônica do Paraná, Alessandro Sangiorgi. Para o próximo ano, Sangiorgi prepara principalmente novos projetos de ópera. Uma delas é João e Maria, que deveria ter saído do papel já em 2005, mas acabou adiada por problemas de patrocínio. A idéia do maestro é fazer quatro óperas por ano. E pelo menos uma delas deve ter relação com o ano Mozart, em comemoração aos 250 anos do nascimento do compositor. "Vamos fazer As Bodas de Fígaro", afirma.

A Camerata Antiqua também anuncia novidades para o ano Mozart, como o Réquiem e a Missa Solene. "As duas fazem parte de um projeto mais amplo, concebido para encaixar produções mais caras no meio da programação regular", conta Darci Almeida, uma das coordenadoras da orquestra. Entram no pacote também duas obras importantes de Bach: a Paixão Segundo São Mateus e três cantatas do Oratório de Natal.

A iniciativa privada, além de dar uma nova orquestra à cidade, promete repertórios mais ousados, por meio das séries de concertos. No UnicenP, uma das tentativas é a de finalmente apresentar a Curitiba a música do século 20, normalmente deixada de lado, trocada por repertórios mais tradicionais. "Vamos montar Schoenberg, Stravinski e outros compositores importantes", afirma o maestro Osvaldo Colarusso, diretor artístico da série do UnicenP. De Schoenberg, por exemplo, está nos planos uma montagem do Pierrô Lunar, obra fundamental para compreender a música dos nossos dias.

Já a Filarmônica de Curitiba, que surgiu de uma idéia dos próprios músicos da Sinfônica do Paraná, tem como objetivo trazer grandes solistas à cidade. Toda a idéia depende de um projeto apresentado em Brasília. A idéia é bancar, por meio da Lei Rouanet, 12 concertos anuais. Cada um com um grande nome, seja brasileiro ou estrangeiro. A lista é ambiciosa. Inclui desde o pianista Nelson Freire até o violinista norte-americano Joshua Bell. "Estou confiante de que o projeto será aprovado", afirma o maestro Roberto Tibiriçá, que chega à regência da orquestra, tendo no currículo passagens pela Sinfônica Brasileira e pela Pró-Música, duas das mais importantes orquestras do país. Embora, na maioria, a programação prevista seja de música romântica, há algumas inovações, como o Concerto para Violoncelo, de Wytold Lutoslawski. Resta esperar pelas primeiras apresentações.

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