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O escritor Guido Viaro é um dos autores publicados na segunda leva da editora e o anfitrião do evento de lançamento no museu que administra | Felipe Rosa/Gazeta do Povo
O escritor Guido Viaro é um dos autores publicados na segunda leva da editora e o anfitrião do evento de lançamento no museu que administra| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo

Lançamento

Livros-contos da editora Tulipas Negras

Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348), (41) 3018-6194.

Hoje, às 19 horas. Entrada franca. Distribuição gratuita.

Quatro autores de Curitiba tiveram quase mil livros-contos cada um distribuídos em um único dia no início do ano. Foi durante a Quadra Cultural, no bairro São Francisco, em 25 de fevereiro. A empreitada ao ar livre foi a primeira ação da editora Tulipas Negras, que, financiada por uma misteriosa apoiadora de Portugal, não garantia ir além daquele verão.

Poucos dias após o início do inverno, no entanto, a segunda edição chega às ruas – desta vez, com a expectativa de trazer uma escalação de escritores da capital paranaense a cada estação do ano, embalada pela boa recepção que tiveram os textos de Fábio Campana, Marcio Renato dos Santos, Renan Machado e Cristiano Castilho.

Os contos "Adoração à Virgem", de Luci Collin, "Os Relicários", de Andrey Michalzechen, "O Destino do Poeta", de Izabel Campana, e "Árvore e Cavalo", de Guido Viaro, serão lançados hoje, às 19 horas, no Museu Guido Viaro, com participação dos autores.

As dimensões da publicação estão um pouco diferentes e em papel couché, mas a ideia continua a mesma: os chamados "livros-contos" têm mil cópias cada e serão distribuídos gratuitamente. "A ideia é tentar fazer com que esses textos circulem na cidade", explica, por telefone, o escritor Marcio Renato dos Santos, que é o principal idealizador da editora e o responsável por selecionar os autores.

"Queremos publicar mais uma fornada com quatro escritores daqui a quatro meses, como se fosse uma nova maturação a cada estação do ano. Só com autores curitibanos ou que moram em Curitiba, e com vozes variadas. Gente da nova geração, como o Andrey, e gente com mais estrada", diz.

Pertence à segunda categoria o escritor Guido Viaro, cujo conto, "Árvore e Cavalo", narra um exercício de criação de linguagem literária em uma sala de aula. A partir da projeção de uma árvore e um cavalo sobre seus galhos, o professor pede que os alunos deem nome à imagem a partir da ação, cores, verbos, sensações e a herança histórica.

Neto do pintor e administrador do museu que sedia o novo lançamento, o autor estreia como contista entusiasmado com o formato dos livros-contos. "É uma ideia muito simples e eficiente. É uma coisa barata, fácil de circular, e, até certo ponto, descartável. Mas, às vezes, o próprio descartável faz com que a coisa dure, porque não impede que saiam novas reproduções desses mesmos contos", diz.

Também dona de uma obra consolidada e predominantemente contista, a conhecida escritora Luci Collin publica um conto inédito em que brinca ironicamente com a história da literatura brasileira ao narrar uma palestra do trineto da tradicional personagem Iracema, de José de Alencar.

Professora de Literaturas de Língua Inglesa e Tradução Literária na UFPR, Luci lembra que o autor americano Edgar Allan Poe (1809-1849) já apontava o conto como um gênero identificado com a rotina do homem contemporâneo. As publicações da Tulipas Negras seguem a trilha e lançam luz sobre novos contistas, de acordo com a escritora.

"É uma reverência ao conto muito bem programada. Fiquei muito satisfeita ao saber que tinha um projeto que valoriza o conto autonomamente. É interessante vincular o nome a um texto menor em termos de volume", diz Luci, para quem a diversidade de autores também revela as potencialidades do conto.

"É uma combinação interessante. A coleção completa, com os quatro, vai, de alguma maneira, compor um pequeno panorama dessas expressões."

O quadro se completa com o estreante Andrey Michalzechen, de apenas 20 anos, que traz a sombria narrativa de um psicopata em primeira pessoa em "Os Relicários", e com o confessional "O Destino do Poeta", de Izabel Campana.

"O conto é uma tradição nossa desde Machado de Assis, e tem de ser preservado", diz Izabel. "Distribui-los é uma ideia genial. O fato de não venderem não é motivo para não publicá-los".

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