
Começou ontem na Biblioteca Pública do Paraná o projeto Extremos Círculo de Leituras de Ficções Radicais, idealizado pelo escritor e crítico literário José Castello e pelo músico e diretor teatral Flávio Stein. Até quinta-feira, a obra Um Copo de Cólera, do escritor paulista Raduan Nassar, será lida e discutida por quem se inscrever para participar do evento.
De acordo com Castello, a ideia do projeto é usar a obra de Nassar para debater aspectos da vida contemporânea. "As pessoas são estimuladas a nos interromper a qualquer hora, para expor pensamentos, interpretações, associações com outras obras. O livro aqui não é objeto, é um instrumento para debater outros assuntos. Literatura também, claro, mas o importante é que não se trata de um projeto para estudiosos das letras. É, antes de tudo, aberta para todos", comenta Castello, que idealizou o círculo de leituras há cinco anos, junto com Stein, e já realizou diversos encontros no Rio de Janeiro, em parceria com a psicanalista Maria Hena Lemgruber.
"No último, realizado no Sesc de Copacabana, participaram cerca de 60 pessoas, e apenas uma delas era ligada ao mundo das letras. O resto eram médicos, arquitetos, psicanalistas, físicos, pintores. Cada um acrescenta suas próprias ideias à discussão", completa.
Flávio Stein, que já tem uma experiência com leitura de textos por idealizar o projeto Entremundos, que acontece há três anos no Teatro da Caixa, afirma que o Extremos é diferente no método e no propósito: "A ideia aqui não é apresentar o texto e compará-lo a outros, e não há um elemento dramático. Prescinde de atores e direção teatral. Há, no Entremundos, uma separação entre texto e plateia, e no Extremos sentamos em roda e todos podem participar".
O diretor teatral explica também que a leitura coletiva é um hábito mais antigo que a individual, e aponta as qualidades desse tipo de experiência: "Cada um entende o livro com a bagagem que tem, e discute com o outro suas impressões. Isso é um aspecto muito positivo, porque permite que a experiência seja muito mais produtiva do que a da leitura silenciosa, que venera os clássicos sem confrontá-los. O mundo funciona na literatura graças ao leitor, se ele não entrar em confronto com a obra, ela perde sua força".
Embora o objetivo seja o de ler na íntegra o livro Um Copo de Cólera até quinta-feira, Rogério Pereira, diretor da BPP, afirma que não há problemas em assistir a encontros esporádicos: "Temos cerca de 30 a 40 vagas para o projeto. Se houver espaço, as pessoas podem se inscrever na hora". Pereira diz ainda que uma nova edição do projeto Extremos vai acontecer no mês de setembro. A leitura do próximo encontro ainda não foi definida.
Serviço
Extremos Círculo de Leituras de Ficções Radicais. Biblioteca Pública do Paraná
(R. Cândido Lopes, 133). Dias 17, 18 e 19, às 19h. Entrada franca.



