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Castello: “O livro aqui não é objeto, é um instrumento para debater outros assuntos” | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Castello: “O livro aqui não é objeto, é um instrumento para debater outros assuntos”| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Obra

Saiba mais sobre Um Copo de Cólera, de Raduan Nassar

Publicada originalmente em 1978, a novela curta Um Copo de Cólera foi escrita durante 15 dias em 1970 e trata de um dia na vida de um casal que se encontra em um silêncio perturbador durante um café da manhã de um dia normal.

Uma briga violenta entre os dois é deflagrada após um episódio prosaico: um ataque de formigas saúvas à cerca viva que o marido construiu no quintal da chácara onde vivem, no interior de São Paulo. O livro ganhou uma versão cinematográfica em 1999, dirigido por Aluisio Abranches, com Alexandre Borges e Júlia Lemmertz nos papéis principais.

Começou ontem na Biblioteca Pública do Paraná o projeto Extremos – Círculo de Leituras de Ficções Radicais, idealizado pelo escritor e crítico literário José Castello e pelo músico e diretor teatral Flávio Stein. Até quinta-feira, a obra Um Copo de Cólera, do escritor paulista Raduan Nassar, será lida e discutida por quem se inscrever para participar do evento.

De acordo com Castello, a ideia do projeto é usar a obra de Nassar para debater aspectos da vida contemporânea. "As pessoas são estimuladas a nos interromper a qualquer hora, para expor pensamentos, interpretações, associações com outras obras. O livro aqui não é objeto, é um instrumento para debater outros assuntos. Literatura também, claro, mas o importante é que não se trata de um projeto para estudiosos das letras. É, antes de tudo, aberta para todos", comenta Castello, que idealizou o círculo de leituras há cinco anos, junto com Stein, e já realizou diversos encontros no Rio de Janeiro, em parceria com a psicanalista Maria Hena Lemgruber.

"No último, realizado no Sesc de Copacabana, participaram cerca de 60 pessoas, e apenas uma delas era ligada ao mundo das letras. O resto eram médicos, arquitetos, psicanalistas, físicos, pintores. Cada um acrescenta suas próprias ideias à discussão", completa.

Flávio Stein, que já tem uma experiência com leitura de textos por idealizar o projeto Entremundos, que acontece há três anos no Teatro da Caixa, afirma que o Extremos é diferente no método e no propósito: "A ideia aqui não é apresentar o texto e compará-lo a outros, e não há um elemento dramático. Prescinde de atores e direção teatral. Há, no Entremundos, uma separação entre texto e plateia, e no Extremos sentamos em roda e todos podem participar".

O diretor teatral explica também que a leitura coletiva é um hábito mais antigo que a individual, e aponta as qualidades desse tipo de experiência: "Cada um entende o livro com a bagagem que tem, e discute com o outro suas impressões. Isso é um aspecto muito positivo, porque permite que a experiência seja muito mais produtiva do que a da leitura silenciosa, que venera os clássicos sem confrontá-los. O mundo funciona na literatura graças ao leitor, se ele não entrar em confronto com a obra, ela perde sua força".

Embora o objetivo seja o de ler na íntegra o livro Um Copo de Cólera até quinta-feira, Rogério Pereira, diretor da BPP, afirma que não há problemas em assistir a encontros esporádicos: "Temos cerca de 30 a 40 vagas para o projeto. Se houver espaço, as pessoas podem se inscrever na hora". Pereira diz ainda que uma nova edição do projeto Extremos vai acontecer no mês de setembro. A leitura do próximo encontro ainda não foi definida.

Serviço

Extremos – Círculo de Leituras de Ficções Radicais. Biblioteca Pública do Paraná

(R. Cândido Lopes, 133). Dias 17, 18 e 19, às 19h. Entrada franca.

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