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O androide David (Michael Fassbender) busca referências de humanidade em filmes antigos de Hollywood | Divulgação
O androide David (Michael Fassbender) busca referências de humanidade em filmes antigos de Hollywood| Foto: Divulgação

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Criador e criatura. Já em Frankenstein, clássico da literatura de terror escrito pela britânica Mary Shelley, é central a discussão sobre o risco inerente à atividade de experimentar. O bruxo nunca está livre de se tornar vítima dos próprios feitiços. Ridley Scott, portanto, tinha perfeita noção do perigo que corria ao revisitar Alien – O Oitavo Passageiro, marco do cinema de ficção científica que rendeu três sequências, cada uma delas assinada por um cineasta distinto: James Cameron (Aliens – O Resgate), David Fincher (Alien 3) e Jean-Pierre Jeunet (Alien: A Ressurreição).

Prometheus, que estreia hoje em circuito nacional depois de ter arrecadado, no último fim de semana, US$ 51 milhões nos cinemas norte-americanos, é acima de tudo um filme corajoso. Imperfeito, é verdade, mas ousado em vários aspectos, sobretudo ao não oferecer ao público uma trama didática e mastigada, conforme a cartilha hoje vigente em Hollywood.

O título Prometheus se refere a uma nave espacial que se desloca em direção a um planeta distante, seguindo uma rota que tem como referência mapas pré-históricos recém-descobertos na Terra. Nessas cartas, há a indicação de um local onde a raça humana teria sido concebida, o que, se comprovado, poderá lançar por terra toda a Teoria Evolucionista de Charles Darwin e pelo menos problematizar a do Criacionismo, defendida por setores mais conservadores do Cristianismo, por exemplo.

Quem lidera a missão de cientistas é a destemida Elizabeth (Noomi Rapace, a Lisbeth Salander da versão sueca de O Homem Que Não Amava as Mulheres). Suas razões transcendem a ciência: ela ansia ver de perto o Criador. Acredita que, nesse planeta, travará contato com seres superiores, que ela chama de "engenheiros", responsáveis pela criação da Terra e nossos ancestrais mais remotos. Também estariam na origem dos monstros extraterrestres que cresceram e se multiplicaram na série Alien.

Lembrando muito – na postura quase masculina e até mesmo nos figurinos – Ellen Ripley, protagonista da quadrilogia Alien, vivida por Sigourney Weaver, Elizabeth carrega uma cruz, mas também crê na ciência. Desse aparente conflito vem sua força e sua fragilidade, o que a torna mais interessante como personagem.

Além dela, a figura mais interessante no filme é mesmo o algo melancólico androide David (o ótimo ator Michael Fassbender, de Sha­­­me), que lembra o robozinho de Wall-E da Pixar, em sua busca por referências de humanidade em filmes antigos: espelhando-se no Peter O’Toole de Lawrence da Arábia, ele mantém os cabelos muito loiros.

Por vezes confuso, e nem sempre convincente, Prometheus se beneficia de um visual espetacular e de um argumento intrigante, que conduz o espectador às raízes de Alien – O Oitavo Passageiro, mas não as entrega de bandeja. Ainda bem. GGG1/2

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