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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

A artimanha de Thom Yorke e cia

No dia 11 de outubro, a banda inglesa Radiohead lançou o discos In Rainbows em um esquema considerado revolucionário por parte da crítica musical – incluindo a do jornal The New York Times. Em seu site oficial (www.radiohead.com ou www.inrainbows.com), o grupo disponibilizou as dez faixas novas para download pelo preço que o cliente quiser pagar (inclusive nada). Em menos de duas semanas, o Radiohead divulgou que mais de um milhão de cópias foram baixadas pelo preço médio de US$ 8 (cerca de R$ 14). Fazendo as contas, a banda faturou R$ 14 milhões com um disco que dividiu opiniões. Houve quem achasse o álbum genial, outros disseram que se trata de restos de estúdio que não foram incluídos em trabalhos anteriores.

A jogada do grupo inglês foi considerada genial porque apelou para a consciência dos fãs. A maioria preferiu pagar um valor próximo ao de um CD e não se sentiram à vontade para simplesmente baixar as músicas de graça, embora tivessem essa opção.

São Paulo – Na iminência de lançar um novo disco, Banda Larga Cordel, o primeiro só com músicas inéditas desde que assumiu o Ministério da Cultura, em 2003, Gilberto Gil descartou a possibilidade de seguir um modelo semelhante ao adotado pela banda inglesa Radiohead.

O grupo dispôs seu disco In Rainbows na rede, no último dia 11, deixando o preço a cargo do consumidor. "Estou pensando em um modelo que ainda é compartilhado negocialmente com a gravadora", disse Gil em entrevista recente no Teatro Oficina, após encontro com o diretor José Celso Martinez Corrêa.

O artista retornava aos afazeres de ministro, dos quais se desligou por duas semanas para uma cirurgia nas cordas vocais. "A voz está voltando ao normal", afirma. Ele volta a cantar no dia 11 de novembro, em show a ser realizado em Belo Horizonte.

O que o sr. achou da iniciativa do Radiohead?Gilberto Gil –Acho que se soma a esse conjunto de iniciativas na direção da compreensão desse novo fenômeno, de que há todo um conjunto de novas oportunidades para transformações estéticas, econômicas.

É aquele tipo de protagonismo ao qual o sr. sempre se refere?Sim, o protagonismo, que vem dessa pulverização que a tecnologia proporcionou, a individuação do poder, o biopoder, a microfísica do poder. É o que está em jogo aqui, também, esse querer comum novo, social, que não é o social só do bairro, mas de tudo. A internet, a banda larga, o acesso amplo, deu a possibilitou que essas insurgências, essas surgências, venham juntas. Elas têm essa dimensão de desafio aos modelos clássicos do poder, a proposição de novas formas de exercício de poderes congregados por meio do associativismo comunitário, artístico, musical. Os meninos do Radiohead compreendem isso, que eles têm uma possibilidade agora de autonomia gerencial em relação ao que são como produto, como imagem, como referência cultural. Esse seu novo disco (do Radiohead), que já tem cinco músicas, pelo que contei... Tem mais. Inéditas já tem muitas mais.

Esse disco novo terá também algum tipo de apelo nesse sentido de liberação, como o do Radiohead?Vai, vai ensaiar um novo modelo de negócios junto com a própria gravadora, a ex-gravadora à qual eu pertenci, pertenço, porque tenho ainda alguns compromissos. Tem essas dimensões todas que estão juntas e que vão determinar se a existência de Banda Larga Cordel vai ter também uma abertura para a distribuição eletrônica, como isso será feito, os produtos clássicos, disco, CD e DVD. Os possíveis usos compartilhados dessas coisas todas.

Haverá um preço a ser determinado pelo consumidor, como o Radiohead propôs?Isso é um modelo que eles propuseram. Nem pensei nisso. Eu estou pensando em um modelo que ainda é compartilhado negocialmente com a gravadora...

Ainda tem gravadora?Tenho, é o último dos cinco discos que estabeleci em contrato com eles, do qual Quanta fazia parte, Quanta Ao Vivo também, São João Ao Vivo e Kaya ’n Gan Daya. Tenho um contrato com a Warner que já vem de 30 anos, que foi antecedido pelo contrato com a congênere deles, a Philips, a Phonogram. Enfim, esse modelo clássico de associação da criatividade com o negócio, modelo internacionalmente consagrado, ao qual eu pertenci, e agora estou nesse processo de remodelação, como tantos outros no mundo. Como Madonna, como Prince.

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