“O Brasil precisa de uma história que não o celebre, mas sim que o entenda”, disse o escritor e pesquisador norte-americano Benjamin Moser, numa das várias passagens da mesa “Breviário do Brasil” que arrancaram muitos aplausos da plateia da Festa Literária de Paraty (Flip).
Moser debateu interpretações de estrangeiros sobre o país com o historiador britânico Kenneth Maxwell, nesta sexta (1º), com mediação da antropóloga Lili Schwarcz. Para o autor, o brasileiro é excessivamente nacionalista e cultua ícones históricos sem os questionar, além de celebrar uma alegria que nem sempre sente. “O Brasil é muito mais triste do que aparenta”, diz.
Um pedido de autocrítica aos brasileiros é a provocação principal do mais recente trabalho do biógrafo de Clarice Lispector, a coleção de ensaios “Autoimperialismos”.
Nele, Moser analisa a relação dos brasileiros com o poder por meio da arquitetura. “Brasília é um filhote bastardo do Rio. Enquanto lá afastaram-se os negros e os pobres do centro e das praias para a favela, na nova capital a ideia é deixar o povo longe do poder. Nos protestos de agora nós vimos, aquele Congresso, construção horrorosa, com as pessoas pequenininhas se manifestando lá embaixo. Que político vai dar bola para um povo que não consegue enxergar direito?”, perguntou.
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