• Carregando...
Atualmente, o Museu Paranaense, fundado em 1876 , recebe cerca de 20 mil por ano. Muitos dos visitantes são estudantes do ensino fundamental e médio | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Atualmente, o Museu Paranaense, fundado em 1876 , recebe cerca de 20 mil por ano. Muitos dos visitantes são estudantes do ensino fundamental e médio| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Metas

Confira os projetos em pauta no museu:

Projetos

Aproximar o público é uma das pretensões do Museu Paranaense. Confira algumas das ações previstas para 2011.

Debates

O Museu Paranaense deve começar a abrir o seu espaço para ciclo de debates sobre a arte, além de trazer palestras com profissionais de outros centros. Valorizar o acervo existente é outro passo. Ainda neste mês, uma exposição sobre a história do espaço será inaugurada.

Oficinas

Trazer cursos de áreas mais técnicas relacionadas com a arte. A infraestrutura de restauração já existente será utilizada para trazer cursos de restauração para qualquer pessoa interessada. Além disso, uma esquipe formada pela Secretaria de Estado da Cultura deve auxiliar profissionais do interior do Paraná. Mostras itinerantes devem ser retomadas.

Acervo

O Museu Paranaense finalizará, até agosto, um projeto apoiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para restauração de quadros do acervo do historiador David Carneiro. Restauro das molduras, muitas corroídas por cupim, das cores já apagadas pelo tempo e da tela estão entre as ações. Além de funcionários do museu, voluntários de cursos de história da cidade participam do projeto.

  • O historiador Renato Carneiro Júnior, atual diretor do museu: aproximação com a academia está nos planos

O imponente prédio cinza de cerca de quatro mil metros quadrados na esquina da Rua Kellers com a Ébano Pereira, no Alto São Francisco, quase confunde o visitante desavisado que não conhece Curitiba e procura o Museu Paranaense. Antiga sede do governo do Paraná, de onde os governadores despacharam até 1953, boa parte da população das redondezas, ironicamente, costuma apontar o Paço Municipal, algumas quadras para baixo, Na Praça Generoso Marques, como a localização atual do museu, apesar da mudança ter sido feita há nove anos.

"Muitas pessoas, de fato, não conhecem o museu. Temos de trazer mais visibilidade", diz o diretor Renato Carneiro Júnior, que acaba de assumir o cargo. Formado em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1982, mestre e doutor na área e professor do Unicuritiba, Carneiro tem o desafio de fazer com que as paredes coloridas, quadros e peças raras fascinem não somente os visitantes de escolas e universidades, que costumam ocupar os corredores diariamente, mas também a população em geral.

Atualmente, o espaço, fundado em 1876 , recebe cerca de 20 mil por ano. "É o museu mais antigo do Paraná e o terceiro mais antigo do Brasil. Perde apenas para o Museu Imperial e o Emílio Goeldi (Belém do Pará). Desde a época do Brasil Império já registrava a história do estado."

Uma das formas de tornar o acervo mais conhecido, diz o diretor, é realizar exposições itinerantes pelo estado – é comum o Museu Paranaense receber grupos do interior do Paraná nos fins de semana, geralmente de universidades, que vêm à capital fazer um roteiro pelos museus. "Os pontos culturais estão centralizados em Curitiba, que não tem um posicionamento estratégico no estado. Isso acaba fazendo com que os acervos fiquem restritos na capital e seu entorno. A ideia é possibilitar que o paranaense conheça o museu sem ter de, necessariamente, viajar para cá". Digitalização do acervo e de documentos também está nos planos para que o museu possa ser visto também pela internet.

Um dos exemplos expostos que contribuem para contar a história do Brasil e do Paraná são quadros oriundos da Pinacoteca do estado, com quadros de antigos governadores e presidentes, além de obras de pintores como Alfredo Andersen (1860-1935) e Miguel Bakun (1909-1963). Segundo o diretor, há aproximadamente 400 mil itens – entre quadros, documentos, itens arqueológicos, livros raros, ferramentas, armas, entre outros – dentro do Museu Paranaense.

Porém, somente 5% de todo o acervo está exposto, o restante fica em reserva, prática comum mesmo em museus históricos. "Não faz sentido mostrar tudo de uma vez. Eventualmente, ao fazermos uma exposição mais elaborada, já temos as peças necessárias", explica Carneiro. Uma das temáticas previstas para este ano será sobre moedas do Brasil e do mundo de períodos diversos.

Retomar a relevância científica é outra preocupação. A exemplo de espaços da cidade que já disponibilizam a sua infraestrutura para discussões e palestras relacionadas com a área cultural, o museu pretende trazer palestras e incentivar o uso do acervo para gerar pesquisas acadêmicas, principalmente nas áreas de História do Paraná e de Arqueologia – já que metade dos materiais disponíveis são pedras, fósseis e ossos. "Queremos ajudar a movimentar a vida acadêmica e científica em torno do Paraná, fazendo convênio com universidades e convidando alunos e professores a utilizar mais o acervo", diz Carneiro.

Cursos na área de restauração estão previstos para aproveitar o que já existe hoje dentro do Museu Paranaense. Uma equipe se dedica exclusivamente ao restauro de quadros com as bordas comidas por cupins, discos e filmes do tcheco Vladimir Kozák. Outra também deve ser formada para prestar assessoria para espaços no interior do Paraná, demanda necessária, de acordo com Renato Carneiro, por conta de uma lacuna de profissionais que precisa ser preenchida, já que no Paraná não há uma formação superior em museologia – apenas curso técnico e algumas especializações. "A área de cultura está há 20 anos no Paraná sem um concurso público. Precisamos mudar essa situação, sob a pena de não ter mais gente para trabalhar no meio cultural em alguns anos. Dificilmente, a iniciativa privada se detém na preservação e restauro. Nessas áreas, a presença do estado é fundamental."

Assinatura de d. Pedro II é uma das raridades

Poucos anos após a fundação, segundo o diretor Renato Carneiro Júnior, dom Pedro II visitou o Museu Paranaense, em 1880. Sua assinatura no livro de presença é uma das raridades encontradas no espaço. "Depois, ele doou uma série de peças próprias, que remontam ao Segundo Império."

A área de Arqueologia também é destaque, com ossos e fósseis únicos. Um dos diretores do museu, Loureiro Fernandes, que esteve no cargo entre 1940 e 1960, foi um pesquisador bastante dedicado à área de tribos indígenas da Amazônia, durante vários anos, o que trouxe diversos materiais sobre o tema para o acervo. "Temos informações so­­bre essas tribos que não existem em outros lugares do país", diz Carneiro.

O Museu Paranaense também conta com um acervo considerado valioso, o do pesquisador checo radicado no Brasil, Vladimir Kozák. Morto em 1979, suas pinturas, desenhos, aquarelas, filmes e documentos foram doados para o museu. A temática principal é o retrato dos índios no Brasil entre as décadas de 1940 e 1950. Atualmente, o museu mantém uma exposição permanente sobre Kozák e realiza um trabalho de restauro em objetos e filmes danificados.

A última aquisição importante realizada pelo Museu Paranaense foi em 2005, do acervo particular do coronel e historiador David Carneiro, que não têm laços de parentesco com o atual diretor do espaço. Vários quadros da coleção estão em processo de restauração. De doações particulares, segundo o diretor, há algumas possibilidades futuras, mas ainda não é possível divulgar de quem virá a doação. "Temos alguns empresários de Curitiba interessados, o que contribuirá para chamar a atenção para doações futuras".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]