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Malu, vivida pela atriz Fernanda de Freitas, é uma carioca boa-praça às voltas com as neuroses do namorado | Divulgação
Malu, vivida pela atriz Fernanda de Freitas, é uma carioca boa-praça às voltas com as neuroses do namorado| Foto: Divulgação
  • Serrado, Fernanda de Freitas (ao centro) e Marjorie Estiano em Malu de Bicicleta

O romântico Malu de Bicicleta (confira trailer, fotos e horários das sessões), em cartaz no UCI Estação, é mais uma prova de que é possível produzir filmes comerciais, feitos para dialogar com um público amplo, sem que para isso seja preciso ferir inteligências e sensibilidades. Sem a canastrice de boa parte das comédias românticas feitas recentemente – a mais exemplar é A Mulher Invisível, de Claudio Torres –, a nova produção do produtor de mais de 20 longas e diretor Flávio Tambellini (de Buffo &Spallanzani e O Passageiro – Segredos de Adulto) é baseada no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que assina a roteiro.

Exibido pela primeira vez no 3.º Festival de Cinema de Paulínia, no ano passado, o longa agradou a crítica e foi premiado com os troféus de melhor diretor, ator (para Marcelo Serrado) e atriz (para Fernanda de Freitas). A comédia poderia descambar para a grosseria logo no início, quando o garanhão Luiz Mario, empresário da noite paulistana, começa a ter alucinações com peitos e bundas femininos "falantes". Mas o diretor não pesa a mão. As visões bizarras dão lugar a cenas tranquilas à beira-mar, no Rio de Janeiro, onde Luiz Mario decide tirar férias.

Que homem não gostaria de ser atropelado pela garota dos seus sonhos? É o que acontece com o estressado personagem em um passeio pelo calçadão. Distraído, ele não vê Malu, uma típica carioca, extrovertida e boa-praça, interpretada com suavidade por Fernanda de Freitas, que passa de bicicleta. "É um filme que tem inspiração em Woody Allen e em Beijos Roubados (de François Truffaut). Queríamos fazer uma comédia introspectiva", disse o ator, que idealizou o filme e chamou Flávio Tambellini para dirigi-lo.

Se não conseguiu chegar ao nível das produções dos diretores citados, o filme conquista pela sutileza ao tratar de questões do relacionamento amoroso como o ciúme à beira da paranóia que o empresário, até então aparentemente tão seguro de si, passa a ter pela garota carioca ao iniciar um namoro à distância. A dúvida sobre a traição, que passa a persegui-lo a ponto de alterar sua personalidade, remete ao livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, outra influência declarada no filme. "Fui reler o livro e percebi uma série de paralelos. A insegurança está na cabeça do protagonista, não de Malu", explica Fernanda.

O filme ganha frescor ao discutir a fragilidade masculina, que começa a ser alvo de elucubrações em um momento em que os papéis do homem parecem estar em crise. "Nunca pensei em fazer uma comédia romântica aos moldes tradicionais. Buscava falar da insegurança de se gostar de alguém, da paranóia em que isso pode se transformar", conta o diretor, que há algum tempo desejava fazer um filme sobre relacionamentos. Por isso, há momentos em que a comédia se mistura ao romance e até mesmo ao drama. "Queria que o público se libertasse um poucos dos rótulos. O longa é engraçado, mas tem uma parte bem dura. Não é apenas uma comédia romântica, é cinema", afirmou.

Quando um macho-alfa, daqueles típicos, se sente traído, é de se esperar que ele acabe traindo como autodefesa. É aí que entra a personagem da curitibana Marjorie Estiano, em ótima atuação como a sedutora Sueli, melhor amiga de Malu, uma descrente em relacionamentos duradouros. O filme de orçamento modesto, R$ 1,3 mil, tem trilha sonora de Dado Villa-Lobos (da Legião Urbana), que elaborou sonoridades eletrônicas, para as cenas na noite paulistana, e mais românticas, para a história do casal. GGG

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