• Carregando...

Nem tudo o que toca nas FMs é imposto de cima para baixo pelas grandes gravadoras. Vira e mexe, um artista faz o caminho inverso e praticamente "obriga" os programadores e executivos da indústria a prestar atenção em seu trabalho. É o caso do gaúcho Armandinho, recém-chegado ao elenco da Universal após conquistar um público fidelíssimo na região Sul.

Armandinho ao Vivo, seu terceiro CD (e primeiro DVD), pode ser considerado uma das surpresas do ano no mercado fonográfico. Mas não para os "regueiros" do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Por estas bandas, o cantor já faz sucesso há algum tempo, com direito até a fã-clubes espalhados pelos três estados. Curitiba, onde ele se apresentou no sábado passado, é uma das principais praças para o artista, hoje radicado em Itajaí (SC). "Gravei o DVD em Camboriú e a galera inteira daí desceu para ver o show", conta, empolgado, o autor de "Desenho de Deus", uma das canções mais executadas nas rádios atualmente.

Nascido e criado em Porto Alegre, Armandinho, de 36 anos, deu seus primeiros passos artísticos no circuito de bares da capital gaúcha. Suas especialidades sempre foram reggae e MPB, mas ele não esconde que se entregou à axé music em seu auge de popularidade. "Acima de tudo, sou um músico da noite. E a essência da noite é fazer as pessoas se divertirem, unir casais", diz. Não demorou muito e uma de suas composições caiu no gosto da audiência, tornando-se um hit local: "Folha de Bananeira", escrita quando o cantor ainda era garoto.

O passo seguinte foi assinar com a gravadora Orbeat, do grupo de comunicação RBS, pela qual o artista lançou dois CDs. De início, o público era restrito aos entusiastas do reggae. Sobre a força do gênero jamaicano nos estados do Sul (teoricamente "europeizados"), Armandinho arrisca: "Acho que o mercado é sólido porque, apesar do inverno intenso, nosso verão é muito quente. O pessoal vai para o litoral e acaba ouvindo o reggae praiano. Quando volta para sua cidade, quer reavivar as aventuras e o cheiro do verão".

Entre o início nos bares e a profissionalização definitiva, Armandinho teve de abandonar os cursos de Publicidade e Educação Física. Mas trocar a faculdade pela música valeu a pena: hoje, quando não está excursionando, o cantor pode descansar à vontade em uma casa confortável na Praia Brava de Itajaí. "Todo mundo me conhece por lá. Se você vir um cara de bermuda e chinelo, surfando, tocando ou correndo com um cachorro, sou eu", diverte-se.

Despretensioso, o regueiro assume que suas canções são leves e românticas, perfeitas para as FMs. "Num mundo em que acontece tanta coisa triste, cada vez mais as pessoas estão sedentas por músicas alegres. O pessoal quer mais é namorar, ser feliz e se divertir", afirma.

Armandinho é tão boa praça que não se irrita nem quando o assunto é a sua indisfarçável gagueira. "Na verdade, eu gaguejava muito mais quando era criança. Na escola os meninos sempre me zoavam. E comecei a cantar justamente porque descobri que não gaguejava cantando", conta. Tudo bem, Armandinho, pelo menos você está em boa companhia: Nelson Gonçalves, Marilyn Monroe, Winston Churchill, o orador grego Demóstenes e até o Moisés da Bíblia também eram gagos na intimidade. E nunca ouviram falar em fonoudióloga...

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]