• Carregando...
Christian Schwartz e o Trio Quintina: concerto bem pensado e executado | Gilberto Camargo Junior/Divulgação
Christian Schwartz e o Trio Quintina: concerto bem pensado e executado| Foto: Gilberto Camargo Junior/Divulgação

Em uma música chamada "Samba Abstrato", o compositor Paulo Vanzolini desdenha de um "show tão frouxo que não merece comentário". O contrário do que se deve fazer com o concerto Samba Erudito, com o qual o Trio Quintina e convidados lotaram o Teatro do Paiol nas noites das últimas quarta e quinta-feiras.

Concebido pelo escritor Christian Schwartz (irmão de Gustavo e Gabriel, que formam o Quintina junto com Fabiano Silveira, o Tiziu), o espetáculo foi a melhor releitura da obra de Vanzolini (e olha que ele é o meu compositor preferido...) que já vi.

Um concerto irretocável, bem pensado e executado, que merece uma temporada maior e (por que não?) registro em disco. Faltam mesmo boas gravações da obra vanzolinista.

Com direção de Marcio Abreu, o espetáculo teve um cuidado cênico que já foi regra no ­país – desde os tempos dos cassinos e shows de bossa nova de Miele e Bôscoli – mas que, infelizmente, anda fora de moda.

O show contou com a participação do baterista e percussionista Luís Rolim e teve duas partes. Na primeira, o Trio Quintina releu as canções do compositor com os arranjos surpreendentes que são a marca da banda.

Músicas como "Praça Clóvis", "Seu Barbosa" e "Cravo Branco" ganharam roupagens inusitadas. O músico Leandro Delmonico (Charme Chulo) também participou de três canções tocando viola caipira.

Na segunda parte, interpretações mais canônicas (mas não menos inspiradas) com o vocal da cantora paulista Virginia Rosa.

Com muito bom humor, Christian costurou o roteiro – e mostrou uma insuspeitada faceta de cantor e contrabaixista – que acertou em cheio ao relacionar a crônica poética, urbana e boêmia, de Vanzolini, Dalton Trevisan e Lou Reed.

O bis teve clima de "choro ostentação". Gabriel na flauta, Virginia solfejando a melodia com recursos de canto lírico e, principalmente, Fabiano Tiziu no violão de sete cordas esbanjaram a técnica que possuem para executar a versão de "Pedacinhos do Céu", de Valdir Azevedo, com a letra que Vanzolini levou 25 anos para fazer.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]