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De todos os grandes nomes da "geração anos 90" do pop nacional, apenas um deles continua em franca ascensão: Marcelo D2. Aos 38 anos, o líder do finado Planet Hemp passa pelo melhor momento de sua carreira, reaquecida por conta de quatro álbuns-solo aclamados pelo público e a crítica. O segredo da longevidade? Inovação, além de uma boa dose de comprometimento.

Explica-se: antes conhecido pela displicência com que administrava sua vida (artística e pessoal), D2 virou o jogo. Assumiu o lado "família", arregaçou as mangas para o trabalho e apostou suas fichas em um conceito musical bem definido – no caso, a fusão de samba e hip-hop. Deu certo. Agora, quase um milhão de CDs vendidos depois (somados os do Planet Hemp), o rapper carioca chega ao quarto disco-solo com status de "prioridade" da gravadora.

Meu Samba É Assim (Sony & BMG), recém-chegado às lojas, é o retrato dessa fase "madura". Ao longo de 15 faixas, D2 fala de amor, família, amizade, responsabilidade... As referências sobre o uso de maconha continuam, é claro, mas de leve. "Passei a viver coisas diferentes. Primeiro, a convivência com mulher, filhos. Depois, as viagens para fora do país. Minha carreira internacional vai muito bem, principalmente na França, Inglaterra e Portugal", conta.

A mudança também é perceptível no campo musical. E não só porque a mistura de samba e rap aparece mais burilada no novo CD. "O disco acústico (2004) me fez tocar com 23 músicos, só feras. Aquilo me ensinou muito", conta D2, que antes do especial da MTV se dividida entre o rock básico do Planet Hemp e as gravações de hip-hop em estúdios caseiros. Desta vez, além de aumentar o leque de instrumentistas convidados, o artista conta com uma galeria de convidados especiais: Zeca Pagodinho, Alcione, Arlindo Cruz, o rapper americano Chali Tuna (do grupo underground Jurassic 5) e o funkeiro Mr. Catra, entre outros.

Seja no palco ou fora dele, o rapper confessa ter aprendido uma lição: "Para fazer com que a sua música seja ouvida, não tem jeito, você tem que trabalhar muito". Isso inclui aparições no Domingão do Faustão e até uma comentada presença em um evento da luxuosa loja Daslu, em São Paulo. "Sou um operário da música, então vale tudo por ela", justifica. "Mas depende muito da situação. Não iria ao Faustão para cantar as letras polêmicas do Planet Hemp, por exemplo", completa.

Sobre o futuro, D2 não faz planos – para breve, apenas a produção de um disco-tributo a Bezerra da Silva (1997 – 2007), reunindo nomes do samba e do rap. Ele só tem uma certeza: vai continuar à procura da batida perfeita, como diz o título de um de seus álbuns. "Quem não se reciclou foi engolido por esse mar de bandas novas e bonitinhas, com as tatuagens nos lugares certos. Acho isso triste, mas é o que o público e o mercado pedem. Não quero virar cover de mim mesmo", diz. Maturidade é isso aí.

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