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O filme Problemas de Moradia, de 1935, inovou ao colocar os entrevistados dando depoimentos diretamente para a câmera | Divulgação
O filme Problemas de Moradia, de 1935, inovou ao colocar os entrevistados dando depoimentos diretamente para a câmera| Foto: Divulgação

Programação

A exibição desta segunda-feira(24) será seguida por discussão entre o curador Sérgio Moriconi e o cineasta Luciano Coelho:

Programação

19h: exibição de filmes da década de 1930, como Grã-Betranha Industrial (Robert Flaherty, 20 min), Problemas de Moradia (Arthur Elton, Edgar Anstey, 15 min), Assim Vivemos (Ruby Grierson, Ralph Bond, 23 min), O Povo da Grã-Bretanha (Paul Rotha, 3 min) e Se Vier a Guerra (sem créditos, 9 min).

Debate

20h30: começa a exibição de Drifters (John Grierson, 45 min), considerado pelo curador o filme mais raro da mostra. A sessão é seguida de debate entre Moriconi e o cineasta Luciano Coelho.

Serviço

O Documentário Britânico – Dos Anos 30 ao Free Cinema Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Hoje, às 19h. Debate com Sérgio Moriconi e Luciano Coelho. Até 31 de maio. Entrada Franca.

A programação completa da mostra pode ser lida no blog do Caderno G: www.gazetadopovo.com.br/blog/blogdocadernog .

  • Terra Prometida (1946) é uma das produções de Paul Rotha
  • Mamãe Não Deixa (1956): corrente Free Cinema
  • Uma Batata, Duas Batatas (1957) tem estética leve, característica do período

Surgido em circunstâncias históricas específicas, e tendo como protagonista o homem inglês, o documentário britânico é considerado modelo para esse gênero cinematográfico. Durante uma semana, o público terá oportunidade de assistir, pela primeira vez no país, a uma seleção de 36 títulos produzidos entre a década de 1930 à de 60 na mostra O Documentário Britânico – Dos anos 30 ao Free Cinema, que inicia-se nesta segunda-feira(24), às 19 horas, no Teatro da Caixa.

Com curadoria do professor, crítico de cinema e curador Sérgio Moriconi, os filmes escolhidos seguem um contexto histórico linear e começam com produções do início dos 1930, que tentavam levantar a "moral" da Inglaterra devastada economicamente no pós Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Com seu parque industrial destroçado, o país se viu invadido por produtos estrangeiros, principalmente norte-americanos, e foi preciso fazer uma campanha em prol dos produtos britânicos.

Para isso, o cinema foi utilizado, o que deu surgimento ao Movimento Documentarista Britânico, encabeçado por John Grierson. "Ele estudou marketing cultural nos Estados Unidos e acreditava que o cinema poderia educar", salienta o curador. Segundo Moriconi, Grierson ficou encantado ao assistir Nanook – O Esquimó (1922), de Robert J. Flaherty, considerado um dos primeiros documentários da história do cinema.

O primeiro passo de Grierson para formar uma ampla produção de documentários educativos foi a filmar Drifters (1929), considerado pelo curador o mais raro da mostra, e que fala sobre a pesca no Mar do Norte e o consumo de pescados no continente. "Esse filme é a base do documentário, pois ele cria um modelo criativo, com estrutura dramatúrgica de ficção", diz o curador. Outro destaque é o filme Grã-Bretanha Industrial (1931), que valoriza o trabalho dos operários na indústria e consegue unir a intenção social com o movimento artístico.

O impacto da produção, que teve supervisão do Empire Marketing Board (EMB), possibilitou ao cineasta a criação de uma unidade cinematográfica dentro do órgão para produção de documentários educativos. A recessão dos anos 1930 fechou o local, mas todo o grupo que realizava os filmes foi transferido para a General Post Office (GPO), garantindo apoio do governo (todos os filmes eram financiados pelo Estado) a obras assinadas por diretores consagrados, como o próprio Flaherty e Paul Rotha. De 1930 até 1937, os filmes buscavam resgatar o orgulho do país.

Inovação

A linguagem dos filmes não era convencional, o que ajudou a disseminá-los. Problemas de Moradia (1935), de Arthur Elton e Edgar Antsey, inovou ao colocar os en­­trevistados dando seus depoimentos diretamente para a câmera, algo inédito na época. Com a Segunda Guerra Mundial, a temática passa a ser basicamente como os ingleses deveriam se "comportar" e o cotidiano durante o conflito (Elas Também Trabalham, de 1940, dirigido por Ruby Grierson, fala sobre o dia a dia de uma mãe e dona de casa em tempos de guerra).

A produção pós-1945 aborda o fim da guerra e a libertação do nazismo, até chegar ao Free Cinema, nova corrente no final dos anos 1950, com cineastas jovens que queriam mostrar seus filmes produzidos com parcos recursos. "São filmes independentes que não querem se ligar ao Estado, apesar do incentivo financeiro vir do governo. Nesta época, há um viés de esquerda com foco nas classes sociais, diferentemente da corrente iniciada por Grierson. A estética também é outra, com câmera na mão, aproximando-se muito na Nouvelle Vague francesa", esclarece o curador.

Lindsey Anderson (responsável pela expressão free cinema), Karel Reisz e Tony Richardson são alguns expoentes do período. "Essas escolas foram tão marcantes na produção britânica que até hoje redes de televisão como a BBC seguem os modelos atualmente", salienta Moriconi.

Todos os filmes da mostra serão exibidos em DVD e foram cedidos pelo British Film Institute (BFI).

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