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Justin Bieber | REUTERS/Jonathan Alcorn/Files
Justin Bieber| Foto: REUTERS/Jonathan Alcorn/Files

A arrancada do anonimato ao estrelato foi rápida demais para Justin Bieber. Aos 13 anos, o garoto canadense conseguiu milhares de visualizações com os seus vídeos no YouTube, o que chamou a atenção do empresário musical Scooter Braun. Dois anos depois, sua voz era onipresente nas caixas de som de muitas pré-adolescentes, assim como a sua vida nas páginas das revistas, jornais e internet.

Mas os anos se passaram, a adolescência deu lugar à vida adulta e as atitudes de Bieber tomaram um rumo diferente. De menino certinho, o cantor se tornou um jovem rebelde e inconsequente, como pode ser visto de perto em sua visita ao Brasil, em que se afundou em garotas e festas sem hora para terminar. Mas o que para uns não passa de uma jogada de marketing, para psicólogos e gente ligada ao universo pop essas atitudes são espontâneas e refletem não só a atual fase do artista, mas também a falta de limites e as pressões do mundo das celebridades.

"É natural na fase da adolescência esse espírito mais transgressor. O jovem é mais ousado e ele é cobrado para romper com os padrões de comportamento. Agora, quando se coloca nos ombros dele uma notoriedade muito grande você está pedindo para que ele aja de uma forma descontrolada", afirma o coordenador do curso de Psicologia e da Especialização em Neurociência da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Naim Akel Filho.

Para o professor, a imaturidade aliada à falta da figura dos pais cria uma combinação explosiva que pode ter efeitos perigosos para o futuro do artista. "Ele é um rebelde sem limites, um cérebro imaturo que precisa ter controle. Mas como ele é famoso, lhe parece que tudo é permitido", avalia Naim, para quem histórias como a do artista se repetiram "200 mil vezes."

Usando a cabeça

Uma dessas várias histórias de transição pode ser acompanhada simultaneamente com a do músico canadense: a da cantora Miley Cyrus, que passa por um mesmo processo de transformação de ídolo teen para a queridinha dos jovens adultos. Mas para o fundador e editor-chefe do site Papel Pop, Phelipe Cruz, ao contrário de Bieber, Miley consegue usar de uma forma mais inteligente as mudanças pelas quais está passando. "A Miley aproveitou o término do namoro e fez algo a favor dela", exemplifica. "Ela chama a atenção para a sua música, diferente do Justin, que tem uma imagem que não condiz com o seu trabalho."

Phelipe conta que a rebeldia dos artistas não é uma encenação e que tem muito a ver também com a pressão que sentem por serem modelos de conduta para adolescentes de todo o mundo. "É difícil segurar uma criança e pedir para ela não crescer ou mesmo convencê-la de que essas atitudes [rebeldes] são para o trabalho. Elas estão trabalhando e crescendo ao mesmo tempo e a vida está exposta desde o começo."

Por outro lado, o neuropsicólogo clínico Eugênio Pereira de Paula Júnior afirma que a rapidez com que esses artistas têm de lidar com o sucesso os transforma em adultos mais vulneráveis. "As pessoas precisam passar por um processo de amadurecimento e aprendizagem para lidar com a vida adulta. Mas quando esse processo é muito rápido os jovens não aprendem a lidar com as situações de uma maneira mais adequada", conta o neuropsicólogo.

No Brasil – Há poucos artistas para o público adolescente

Se entre os artistas internacionais não faltam exemplos de ídolos que passaram por períodos turbulentos da adolescência para a vida adulta, no Brasil essa quantidade é bem diferente. É só fazer um exercício rápido de memória: Simony e Rafael Ilha, do grupo Polegar, são alguns dos poucos nomes de artistas nesse perfil.

Mas para o fundador e editor-chefe do site Papel Pop, Phelipe Cruz, esse fenômeno tem duas explicações. De acordo com ele, a primeira é que os artistas brasileiros raramente ultrapassam as fronteiras do país, o que faz com que eles mantenham os laços com a família e não sintam o peso da fama mundial. E o segundo é que o Brasil tem poucos artistas direcionados para o público jovem adulto. "A Anitta e a Kelly Key, por exemplo, têm a postura das artistas pop internacionais, que é mais sexual. Mas ao mesmo tempo elas lançam produtos para o público infantil. O Brasil ignora o que os jovens gostam. Só existe o que a criança e o adulto gostam", afirma Phelipe.

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