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Paula Weinfeld e Marisa Orth (deitada): uma conservadora e outra, em tese, liberal | Divulgação
Paula Weinfeld e Marisa Orth (deitada): uma conservadora e outra, em tese, liberal| Foto: Divulgação

Marisa Orth está feliz da vida com a recepção da peça O Inferno Sou Eu (confira o serviço completo do espetáculo), que estreou em janeiro em São Paulo e será apresentada no palco do Teatro Fernando Mon­­tenegro neste sábado (25), às 21 horas, e domingo (26), às 19 horas. A atriz interpreta a escritora e intelectual Simone de Beauvoir (1908-1986) – e o público não ri quando ela entra em cena. "A minha imagem, devido ao programa de humor Sai de Baixo, sempre foi associada à personagem Magda. Durante um tempo, bastava pisar no palco, sem abrir a boca, para toda plateia gargalhar. Mas, ultimamente, consegui me ‘livrar’ da imagem da atriz apenas engraçada", diz Marisa.

O Inferno Sou Eu é resultado da imersão que a escritora Juliana Rosenthal K. fez nas obras de Simone, incluindo textos que só se tornaram públicos após a morte da escritora, principalmente cartas. A proposta de dramaturgia coloca a autora de O Segundo Sexo frente a frente com uma personagem chamada Dorinha, durante o período em que o casal símbolo do existencialismo passou no Brasil. Na década de 1960, Simone e o seu companheiro, Jean-Paul Sartre, permaneceram por 3 meses em cidades brasileiras. Depois de uma viagem à Amazônia, Simone ficou doente e teve de fazer repouso no Recife. A peça acontece em meio à convalescença.

Marisa explica que O Inferno Sou Eu se faz a partir do contato entre duas personagens absolutamente diferentes, Simone (interpretada por ela) e Dorinha (que ganha complexidade com a atuação de Paula Weinfeld). "As pessoas saem da apresentação refletindo sobre como a teoria, na prática, é muito diferente", diz Marisa, referindo-se ao fato de Simone, uma feminista radical, não ter conseguido viver aquilo que defendia em discurso.

"O que me deixa absolutamente satisfeita é a montagem não ser panfletária. Há sim um confronto de ideias, entre uma mulher conservadora e outra, em tese, liberal. Ao fim, não há conclusão, mas inquietações. O curioso é, apesar de tantas lutas e conquistas, a mulher ainda ter dúvida se casa ou compra uma bicicleta", finaliza Marisa, que se diz contente sendo dirigida por José Rubens Siqueira, com quem trabalhou no início de sua carreira.

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