• Carregando...
Alexandre Petillo avançou sobre os títulos lançados a partir dos anos 2000 | Divulgação
Alexandre Petillo avançou sobre os títulos lançados a partir dos anos 2000| Foto: Divulgação

Opinião

Guia ousa ao elencar títulos contemporâneos

Rafael Rodrigues Costa

Diferentemente de áreas em pleno período de descoberta de novos limites expressivos, como a fotografia, a cultura da boa e velha canção popular vive mais de listas e compilações do que de debates estéticos propriamente ditos. E elas são fundamentais para orientar os descobrimentos musicais de cada um, em um território cada vez mais inesgotável.

Neste sentido, uma lista atualizada vem sempre a calhar, ainda que seja questionável quando avança sobre cenários que ainda estão longe de terem gerado consenso. Ao citar títulos como Pitanga, álbum de Mallu Magalhães lançado em 2011, como um dos "discos essenciais" dos anos 2000, Petillo corre o risco de elencar um trabalho que, relevante em seu tempo, pode não ter a mesma importância se olhado em perspectiva daqui a dez anos. Mas é aí que mora a graça destas empreitadas: os clássicos se constroem socialmente, equívoco sobre equívoco.

  • Livro: Curtindo Música Brasileira

A discografia da música popular brasileira tem mapeamentos de fôlego, traçados por exploradores respeitados no meio. É o caso dos volumes de A Canção do Tempo, de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, e de 300 Discos Importantes da Música Brasileira, de Charles Gavin, Tárik de Souza, Carlos Cala­­­do e Arthur Dapieve, lançado em 2008.

Mas há sempre cada vez mais trabalho a ser feito, especialmente em um cenário musical tão pulverizado como o de hoje. O jornalista e crítico musical paulista Alexandre Petillo topou a empreitada e acaba de lançar Curtindo Música Brasileira: Um Guia para Entender e Ouvir o Melhor da Nossa Arte, que procura atualizar estes quadros.

Gêneros

Dividido entre os capítulos "Samba", "Sertanejo", "MPB", "Tropicália", "Bossa Nova", "Rock", "Pop", "Black Music", "Regionais", "Música Clássica" e "Bônus Track", que aborda os títulos lançados após os anos 2000, o volumoso livro mapeia os primórdios da história fonográfica, tal qual seus pares. Cita Noel Rosa e a obscura coletânea Native Brazilian Music, do regente britânico Leopold Stokowski, que tem a primeira gravação de Cartola em 1942. Vai de Inezita Barroso a Victor & Leo; de Dorival Caymmi a Maria Rita; de Maysa a NX Zero, e daí por diante.

"Procurei ter bastante informação sobre todos os gêneros", conta Petillo. "O sertanejo, por exemplo. Conversando com Rolando Boldrin sobre a lista, ele deu uma aula."

Familiarizado com o rock e o samba, Petillo também precisou descobrir sobre o universo dos gêneros regionais e da música erudita.

"Foi complicado. Tive de me debruçar com mais atenção e tempo para entender os movimentos, quem foi importante, que discos representariam uma seleção boa", conta. "E tentei buscar coisas de fora do Sudeste."

Sobre os títulos mais recentes que aparecem no guia, Petillo reconhece que se trata de uma aposta. "Tentei pegar o que foi mais discutido, que trouxe alguma proposta diferente", explica. "Não dá para dizer que esses discos serão lembrados. Mas é um guia por onde começar a entender o que está acontecendo."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]