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Sua Incelença, Ricardo III transporta o clássico de William Shakespeare para o universo simbólico da cultura do Nordeste | Divulgação
Sua Incelença, Ricardo III transporta o clássico de William Shakespeare para o universo simbólico da cultura do Nordeste| Foto: Divulgação

O 20.º Festival de Curitiba abre dia 29 de março com o espetáculo de rua Sua Incelença, Ricardo III, que será apresentado próximo ao bebedouro do Largo da Ordem. "A peça nem tem como não ser apresentada a céu aberto", explica o diretor da obra, o mineiro Gabriel Villela, que participou ontem da divulgação da grade da Mostra Contemporânea, realizada no Teatro Paiol.

Sua Incelença... traz a Curitiba o grupo potiguar Clowns de Shakespeare, especializado em adaptar o bardo para o contexto nordestino. No drama, que aborda a usurpação do trono inglês pelo sanguinário Ricardo, a música também contribui para a atmosfera de diálogo entre universos: o rock das bandas inglesas Queen e Supertramp é mesclado a ladainhas fúnebres das carpideiras – as "incelenças" nordestinas.

As tradicionais intrigas familiares sertanejas também dialogam com a carnificina shakespereana, regionalizando questões universais como a inveja ea ambição com o uso de carroças ciganas, palhaços mambembes e um lúdico picadeiro de circo.

Apesar de já ter sido apresentada no Rio Grande do Norte, a apresentação curitibana é considerada a estreia nacional da obra. A pesquisa, segundo o diretor, começou no "Brasil profundo", no sertão nordestino. Foram três anos de trabalho sobre a ideia de adaptar ao estilo circense a peça Ricardo III – obra conhecida pela frase "Um cavalo! Meu reino por um cavalo!".

Para quem for assistir, Villela chama a atenção para o terceiro ato, que é todo cantado.

Ao espectador curitibano atento, Sua Incelença, Ricardo III possibilitará a lembrança de outros festivais. "A peça é prima-irmã de Romeu e Julieta, do Grupo Galpão", diz o diretor Gabriel Villela. Os mineiros, que trabalharam muito tempo com o diretor, conquistaram o país e a Europa com esse trabalho a partir de 1992. A adaptação da "história de amor mais triste que já existiu" à comédia circense teve direito a perna-de-pau e corda-bamba, e fez história. O Galpão chegou a apresentar a obra no Globe Theatre, de Londres, local que remete ao palco elisabetano onde o bardo encenou suas obras-primas.

Villela, por si só, é um habitué do festival. Na primeira edição, compareceu com A Vida É Sonho, estrelada por Regina Duarte.

"O Festival de Curitiba é um evento inaugural. O Carnaval não 'inaugura' o ano de muita gente? O Festival de Curitiba é esse marco no teatro. Assim, o calendário brasileiro tem um start dado fora do eixo Rio-São Paulo", disse à imprensa.

Ele também fala sobre a evolução na cena teatral permitida pela caça do festival por talentos. "Por ter um olhar interessado de pesquisador, de olheiros hábeis e atentos, o festival vai de trabalhos com atores conhecidos para desconhecidos com habilidade. E é assim que revela novos nomes do teatro", avalia.

Neste ano, a mostra paralela de espetáculos, o Fringe, também deve cair na mira de olheiros com o objetivo de outorgar um prêmio do jornal Folha de São Paulo ao melhor espetáculo, de acordo com o diretor Leandro Knopfholz.

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