Rio 2 brinca com clichês sobre o Brasil

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Duas semanas antes de estrear nos Estados Unidos, Rio 2 chega aos cinemas brasileiros com banca de blockbuster, ocupando em torno de 1.270 telas. É quase como se uma em cada duas ou três salas do país estivessem exibindo a animação de Carlos Saldanha, que fala sobre o Brasil, mas é, na verdade, um produto hollywoodiano. E como tal ocupa o mercado nacional. Sem cerimônias.

Faz sentido, no entanto, que Rio 2 aterrisse por aqui com esse estardalhaço todo: o longa original, de 2011, arrecadou quase US$ 485 milhões em todo o mundo e fez estrondoso sucesso no Brasil, onde foi abraçado com orgulho, e com certa razão, como se fosse genuinamente brazuca. O carioca Saldanha, também cocriador da franquia A Era do Gelo, é, afinal, um dos magos da animação da atualidade (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Quem gostou do primeiro filme, provavelmente vai curtir Rio 2. Tecnicamente impecável, enche os olhos e os ouvidos com uma profusão colorida de imagens que, se não fogem de alguns clichês do que seja o Brasil no imaginário internacional, também brincam com esses lugares-comuns, introduzindo elementos genuínos da cultura nacional, sobretudo nos números musicais.

Com supervisão de Sergio Mendes e canções adicionais escritas por Carlinhos Brown, a alegre trilha sonora de Rio 2 surge em sequências que, segundo o diretor, foram coreografadas a partir de manifestações como o carimbó, o maracatu e as cirandas.

Nesta segunda parte, Blue (Jesse Eisenberg, na versão original) e Jewel (Anne Hathaway) constituíram uma família, com três filhotes. Após a celebração de ano-novo em Copacabana – retratada na bela se­quência de abertura –, os cinco se aventuram pelos céus do Brasil rumo à Floresta Amazônica, depois de saber que Túlio e sua agora esposa Linda (Leslie Mann), pesquisadora norte-americana que criou Blue desde pequeno, descobriram indícios de que há uma população intacta de ararinhas azuis, espécie em vias de extinção, no coração da selva.

Lá, no meio da mata fechada, Jewel vai reencontrar seu habitat natural, ameaçado por exploradores ilegais de madeira, e seu pai, Eduardo (Andy Garcia), líder do bando de araras azuis. A família terá de enfrentar, além da ameaça do desmatamento e do tráfico de animais, a ira de um velho inimigo: Nigel (Jemaine Clement), a exuberante cacatua que, por conta da rivalidade com Blue no primeiro longa, perdeu a habilidade de voar.

Em seu planos maléficos, Nigel tem como aliada a impagável Gabi (Kristin Chenoweth), uma perereca colorida que se julga altamente venenosa e é apaixonada pelo pássaro.

Mais focado no público infantil do que a história original, Rio 2 não é muito indicado para adolescentes, e vai divertir os adultos. GGG