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O quartel a partir de onde Miguel Nicolelis pretende lutar para implantar núcleos de ciência de ponta no Brasil funciona no Rio Grande do Norte. O Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), fundado há oito anos, já recebeu investimentos da ordem de R$ 120 milhões. E o projeto que Nicolelis tem para a região, a "Cidade do Cérebro", custará nada menos do que US$ 2 bilhões.

O neurocientista deixa claro logo de início que não é de pensar pequeno. Sua intenção, afirma, é fazer do Rio Grande do Norte a "Califórnia brasileira". E quando se pergunta se isso é possível, ele responde com uma certeza calma. "Está acontecendo". O instituto, além de fomentar pesquisa de ponta em neurociência, trabalha também em parceria com escolas, para formar crianças com uma visão científica, e dá atendimento médico à população local.

Segundo Nicolelis, o plano não é deixar que isso fique apenas em Natal: a ideia é espalhar polos tecnológicos Brasil afora. "Queremos começar a clonar o projeto de Natal para 12 ou 16 outras áreas do território brasileiro", diz. As conversas mais promissoras até o momento teriam acontecido em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina.

No Nordeste, o projeto já está avançando. Em Macaíba, uma cidade que, segundo Nicolelis, foi escolhida propositadamente devido a seus baixos índices de desenvolvimento humano, foi criado o Câmpus do Cérebro, que deverá fazer pesquisas de ponta em 25 laboratórios. Já foram liberados R$ 32 milhões para a construção do câmpus.

Prestígio

Em Natal, o instituto recebeu um supercomputador dos mais potentes do mundo, doado sem custos pela Escola Politécnica Federal de Lausanne. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, a máquina só veio ao Brasil devido ao prestígio que o cientista tem no exterior.

Em julho deste ano, o anúncio do fim da parceria entre Nicolelis e um de seus colaboradores, Sidarta Ribeiro, chegou a criar a suspeita de que o trabalho conjunto do instituto com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte havia sido abalado. Desde lá, porém, a reitora Ângela Paiva Cruz disse que houve exagero na divulgação da informação.

No mês passado, Nicolelis também anunciou um novo reforço para seu time: 31 novos pesquisadores estrangeiros, boa parte vinda da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, estão chegando ao Instituto de Neurociências.

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