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Elias Andreato como Salieri: compositor da corte sofre de inveja ao comparar seu trabalho com o do garoto-prodígio Mozart, em versão não autorizada por biógrafos | Divulgação
Elias Andreato como Salieri: compositor da corte sofre de inveja ao comparar seu trabalho com o do garoto-prodígio Mozart, em versão não autorizada por biógrafos| Foto: Divulgação

Fringe

Confira alguns destaques de hoje da mostra paralela do festival:

O Sósia

Teatro Londrina (R. Dr. Claudino, 79 – Memorial de Curitiba), (41) 3321-3313. De Friedrich Dürrenmatt. Hoje, às 21h, amanhã, às 10h, e quarta-feira, às 16h. Classificação indicativa: 16 anos.

Satyricon Delírio

Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655 – Centro), (41) 3322-7150. Direção de Edson Bueno. De 1º até 6 de abril, sempre às 13h. Classificação indicativa: 18 anos.

E Toda Vez Que Ele Passa, Vai Levando Qualquer Coisa Minha...

Relógio das Flores, no Largo da Ordem. Com o Delirivm Teatro de Dança. Hoje, às 17h ; amanhã, às 10h30 e quinta-feira, às 14h. Entrada franca. Classificação indicativa: livre.

Flores Dispersas

Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430 – Portão), (41) 3229-4458. Sobre a vida e a obra da poeta Júlia da Costa. Direção de Regina Bastos. Hoje, às 17h; amanhã, às 20h e quinta-feira, às 17h. R$20 e R$10 (meia-entrada). Classificação indicativa: livre.

Agenda

Saiba que espetáculos da mostra principal têm ingressos disponíveis para hoje:

Um Réquiem para Antônio

Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299), (41) 3360-5066. Direção de Gabriel Villela. Dias 1º e 2, às 21h. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos.

Bichado (Teatro Sesc da Esquina)

Jim (Guairão. Poucos ingressos)

Sonata de Otoño (Guairinha)

Transgressões (Teatro do Paiol)

Trilogia dos Sonhos (Teatro Bom Jesus)

  • Claudio Fontana como Mozart: opção pelo universo do circo e da bufonaria

Não é difícil definir o público-alvo de Um Réquiem para Antonio, que estreia hoje no Teatro da Reitoria: quem gosta de história e de música estará lá. A sugestão parte do ator Claudio Fontana, que interpreta Mozart na trama inspirada em peças de Pushkin e Peter Shaffer, mas reescrita por Dib Carneiro Neto.

Podemos acrescentar um adendo: o espectador precisa topar a brincadeira do circo. O diretor Gabriel Villela retorna neste espetáculo à estética que tanto lhe agrada e que alguns classificam como "barroca": riqueza de elementos coloridos, muitos símbolos e bufonaria.

Um picadeiro serve de arena para contar uma história "gostosa", que envolve um mito do mundo artístico, abordado em 1984 no longa-metragem Amadeus, de Milos Forman. O músico italiano da corte austríaca Antonio Salieri (interpretado pelo paranaense Elias Andreato), rememora, perto da morte, uma fase crucial da vida: o curto período em que Wolfgang Amadeus Mozart, novato na cidade, compõe músicas inovadoras, nem sempre aceitas, enquanto ele se morde de inveja da qualidade da obra do rapaz. Na peça, os dois são clowns que, durante flashbacks da memória de Salieri, disputam espaço.

Mito e verdade

"Os biógrafos de Mozart dizem que essa inveja foi romanceada, já que Salieri era muito bem conceituado, enquanto Mozart estava começando", lembra Fontana.

A memória do compositor mais velho o atormenta, incluindo a lembrança da voz infantilizada do rival (que seria real, enquanto a risada escandalosa patenteada pelo ator Tom Hulce e reproduzida por Fontana seria invenção).

O mito ganha o revestimento pitoresco da versão, também romanceada, pela qual Mozart teria morrido de exaustão ao criar uma missa fúnebre (um réquiem que realmente deixou incompleto) – na peça, a encomenda misteriosa parte do próprio Salieri.

Como não poderia faltar, há muita música em cena – o grande piano foi o responsável pelo espetáculo, concebido para um palco circular (de arena), não caber em nosso mignon Paiol.

"Fizemos uma adaptação delicada para o palco da Reitoria, mas sempre se perde alguma coisa", avisa o diretor Gabriel Villela.

Duas cantoras executam trechos importantes de Mozart e acrescentam pitadas de outras referências, como Tom Jobim.

O que achamos dos espetáculos

Leia trechos de algumas resenhas de peças assistidas pela Gazeta do Povo. A íntegra dos textos está disponível em www.gazetadopovo.com.br/cadernog/festivaldecuritiba:

Spam

por Luciana Romagnolli

"Como um contador de histórias da era multimídia, o argentino Rafael Spregelburd põe-se diante do público em Spam para apresentar desordenadamente as peripécias infindas nas quais se envolve o personagem Mario Monti. Como um Ulisses desvairado que foge da máfia chinesa devido a atos que cometeu pela internet, ele narra sua saga tragicômica, que seria épica se não fosse absurda."

Contrações

por Isadora Rupp

"O texto da tragicomédia, do jovem autor britânico Mike Bartlett, é um retrato perfeito de uma situação contemporânea incômoda, porém recorrente: as práticas abusivas do mundo corporativo, onde o que interessa é a produtividade, e nada mais. Atingir metas, sorrir sempre, acenar positivamente e não dar problema. Essa é a chave para ser um funcionário ideal, que nunca se descontrola e esconde seus reais sentimentos."

Ricardo III (SP)

por Marleth Silva

"A peça peca pelo ritmo apressado, que não valoriza os silêncios, as pausas, que tanto efeito têm em uma encenação quando bem usados. Talvez por se tratar de um texto longo, com muitos personagens, foi usado na encenação um ritmo acelerado, corrido mesmo. Isso afetou a dramaticidade na atuação dos atores. Todos os personagens parecem ser guiados pelos mesmos sentimentos, todos se parecem muito entre si. Há poucas nuances."

Otelo

por Helena Carnieri

"A história de ciúmes, machismo e inveja escrita por Shakespeare na virada para o século 17 ganhou uma delicada e envolvente montagem. O uso de cabeças de manequins, manuseadas habilmente de forma separada do figurino que lhes dá corpo, e a esperta adaptação-resumo proporcionaram o encantamento único do teatro."

BR Trans

por José Carlos Fernandes

"O resultado da equação biográfica proposta em BR Trans tem mais dor do que delícia. É como se o diretor Silvero Pereira nos girasse, girasse, com prazer, e depois nos soltasse. A gente cai. Levanta. Quer brincar mais um pouco, porque ele manja dos sentimentos contraditórios da plateia. Que quer vê-lo de novo virar menino, virar menina. É um jogo meio sádico, pois ao mesmo tempo em que nos arrebentamos de rir com, por exemplo, seu Hamlet transexual, temos vertigem com as imagens de corpos de travestis mortas, mancheteadas por jornais sensacionalistas, projetadas na parede do teatro como carne barata. É pura verdade escrita com crueldade na pele dessa gente."

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