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Nação Zumbi: covers movidas pelo respeito e a admiração | Divulgação
Nação Zumbi: covers movidas pelo respeito e a admiração| Foto: Divulgação

CD

Mundo Livre S/A Vs. Nação Zumbi

Mundo Livre S/A e Nação Zumbi. DeckDisc. Lançamento previsto para a próxima terça-feira, 27. Disponível em sistema de pré-venda no iTunes, por US$ 9,99. Manguebeat.

  • Mundo Livre S/A: releituras com influências de punk e MPB

"Nação Zumbi é Beatles em Liverpool, Bob Marley em Kingston, Joy Division em Manchester". Este texto, que abre o site da Nação Zumbi, é perfeito para descrever não só a banda, como todo o movimento manguebeat, que surgiu em Recife nos anos 1990 e trouxe à tona artistas como Chico Science e Mundo Livre S/A. Ao contrário de muitos músicos brasileiros que tentam copiar o modelo internacional para alcançar sucesso, estas bandas trataram de inventar um gênero musical no qual pudessem encaixar a si próprias. Agora, 20 anos após a explosão do movimento que misturou maracatu com hip-hop, eletrônico e rock, os dois maiores nomes do manguebeat se "enfrentam" em um mesmo álbum: Mundo Livre S/A Vs. Nação Zumbi traz as duas bandas interpretando músicas uma da outra, nos mesmos moldes do "duelo musical" promovido no ano passado pela gravadora Deck entre os grupos Raimundos e Ultraje a Rigor. Desta vez, a primeira metade do disco o traz Mundo Livre S/A cantando Nação Zumbi e, na segunda metade, o inverso. A reportagem da Gazeta do Povo conversou por telefone com Fred Zero Quatro (vocalista e líder do Mundo Livre S/A) e Pupillo (baterista e percussionista da Nação Zumbi). Confira a seguir alguns trechos da entrevista:

Como foi a escolha das músicas a serem gravadas?

Fred Zero Quatro: A maioria são músicas mais antigas e marcantes da carreira da Nação. Essas músicas fizeram parte da minha formação como artista. "A Cidade", para mim, é a "London Calling" [The Clash] brasileira, as pessoas da minha geração se identificam com essa canção. Houve também a coincidência de ambos terem escolhido uma música dos últimos álbuns um do outro, sem ter combinado isso.

Pupillo: Foi um trabalho difícil escolher as músicas, a discografia do Mundo Livre é muito extensa e muito bacana. A escolha é uma mistura do que é mais famoso com o que a gente mais gosta e, principalmente, aquelas músicas que são mais relevantes para nós.

Como foi o processo criativo?

Fred Zero Quatro: Tenho certeza de que a gente teve mais trabalho que eles, porque a Nação Zumbi é uma banda com um som muito próprio, muito original. O Mundo Livre é mais antigo, temos uma bagagem de referências diferente. Optamos desde o início por não tentar copiar o som deles e sim trazer a nossa linguagem, nossas influências do punk e da MPB para as músicas.

Pupillo: Foi bem rápido. Não somos capazes de copiar nada e, como a gente já conhece bem o trabalho da Mundo Livre, não foi difícil imprimir nosso jeito nas músicas deles. Não existe um critério único pra mexer na obra de alguém, somente o respeito. A gente colocou nossos tambores, guitarras, linhas de baixo, mas, principalmente, tentamos mostrar o quanto admiramos a Mundo Livre S/A.

O que foi mais legal, gravar as músicas deles ou ouvir as versões das suas?

Fred Zero Quatro: Ouvir. Fiquei emocionado, me reconectei com aquele moleque que ia a todos os shows da Nação no início de carreira, quando o equipamento era precário e eu ficava levantando o público. O trabalho deles em "Girando em Torno do Sol" e "Seu Suor É o Melhor de Você" é incrível.

Pupillo: Difícil saber. Adorei ouvir as versões deles, mas fiquei muito empolgado com gravar também. Trouxe de volta uma memória afetiva muito forte. Foi impossível, por exemplo, não me lembrar do Chico [Science, vocalista original da banda, morto em 1997] durante o trabalho.

Como você vê o manguebeat hoje?

Fred Zero Quatro: No passado, quando a gente começou a produzir as primeiras músicas e escreveu o manifesto "Caranguejos com Cérebro", não tínhamos noção do tamanho que isso ia tomar. Não achamos que estivéssemos fazendo nada que fosse durar mais de três meses. Hoje, quase tudo o que é produzido no Recife pode ser incluído neste grande conceito que é o manguebeat. Esse perfil urbano, contemporâneo e de raiz está muito presente nos grupos que surgem por lá.

Pupillo: Eu não falaria mais de manguebeat como ele era no início. É um gênero que conseguiu se concretizar onde nasceu. A cena musical de Recife tem muita novidade, mas cada artista continua mantendo vivo esse conceito à sua própria maneira.

O que o público pode esperar deste disco?

Fred Zero Quatro: O resultado é sensacional. Quem viveu aquela época vai ver duas bandas que são complementares trabalhando juntas. E pra quem não viveu, é bom também, porque vai pegar os dois grupos muito mais maduros e com mais competência musical. É rock-and-roll nordestino.

Pupillo: Um disco pra ouvir no último volume!

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