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Na ativa desde 1994, o quarteto paulistano Hateen fez escola no cenário independente, com quatro álbuns lançados no idioma inglês. Mesclando punk-rock, hardcore e indie-rock – com inegáveis pitadas do estilo emo, que combina letras sentimentais a um instrumental pesado –, a banda liderada pelo vocalista e guitarrista Rodrigo Koala passou a ser conhecida do grande público graças ao ilustre baterista Japinha, que também comanda as baquetas do CPM 22. Mas o parentesco não pára por aí. Além de Japinha, o baixista Fernando Sanches também integra ambas as formações e Rodrigo Koala é o autor de hits do CPM, entre eles "Um Minuto para o Fim do Mundo", "Irreversível" e "Não Sei Viver sem Ter Você".

O sucesso das canções que Koala compôs para o CPM 22 chamou a atenção do produtor Rick Bonadio, que propôs ao Hateen a gravação de um álbum com canções em português, a ser lançado por seu prórprio selo, o Arsenal Music. "Resolvemos aceitar o desafio e foi bastante difícil. Tive de me isolar um tempo e me concentrar para compôr", conta Koala, em entrevista ao Caderno G.

Apesar de deixar os fãs mais antigos da banda um tanto contrariados, o Hateen lançou, no mês passado, o álbum Procedimentos de Emergência, que reúne 14 canções (entre elas uma regravação em inglês). "Alguns fãs tendem a achar que a banda é deles, não gostaram quando souberam que estávamos gravando em português, disseram que não podíamos fazer isso. É assim com qualquer banda do planeta. Não dá para agradar todo mundo o tempo todo. Aos poucos, até os mais ortodoxos estão se rendendo", conta Koala.

Lançada antes de o álbum ser finalizado, a canção "1997" em pouco tempo entrou para a lista das mais tocadas nas rádios do país e seu videoclipe atingiu a primeira posição no Top 20 Brasil, da MTV brasileira. Ressuscitando as memórias de um relacionamento terminado há quase dez anos em versos diretos e simples, o single conquistou o público adolescente mais sensível, que hoje freqüenta em massa os shows do Hateen. "Muitos deles ficam nas primeiras filas e choram durante grande parte dos shows. A gente acha estranho, mas tenta consolar a molecada", diverte-se o vocalista.

A choradeira não é para menos. Afinal de contas, qual adolescente vivendo suas primeiras decepções amorosas não se debulharia em lágrimas diante de versos como "Parece que é sempre assim/Nada dá certo para mim" (de "Quem Já Perdeu um Sonho Aqui"), "Se sentir que está sozinho/E isso te fizer sofrer/Saiba que somos iguais/E, às vezes, eu me sinto assim também" (de "Eu Sou Igual a Você") ou "Por tudo o que você passou e pra cada sonho que perdeu, encontrará/Um novo sonho inteiro ao seu dispor" (de "Uma Vida sem Saudade")?

Fato é que em meio ao insosso rock nacional da atualidade, o Hateen, ao lado de formações como Luxúria, preenchem uma lacuna tanto sonora quanto comportamental em meio ao público adolescente. Bandas jovens com o frescor necessário para conquistar um público que não se convence ao ver Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, tentando voltar a ser punk depois dos 40. GGG1/2

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