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Honório (à esquerda), queria sair da roça: “Se era para ser mesmo meu caminho, nunca vou saber.” | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Honório (à esquerda), queria sair da roça: “Se era para ser mesmo meu caminho, nunca vou saber.”| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Nos vinte metros quadrados de ladrilhos quadriculados da Barbearia Blumenau, os profissionais Honório Tafner e Antônio Possamai trabalham de costas um para o outro há 26 anos. Se veem através dos espelhos que cobrem as paredes do pequeno salão, que funciona há décadas naquela que já foi chamada de “Rua dos veados” e “Rua da carioca”. “É como um casamento, mas a gente se dá bem”, afirma o bem-humorado Antônio. Ele tem vinte anos a menos de métier que seu colega Honório, na lida há 50 anos seguindo os passos de Silvino, seu irmão mais velho. “De lá para cá, o trabalho não se alterou muito. Mudaram algumas técnicas, o equipamento e o público. Muitos clientes migraram para os salões”, avalia Honório. “Mas há ainda clientes fiéis. Eu já cortei o cabelo de avô, pai e neto”, ressalta. Antes de concluir o “pezinho redondo” do corte dragão (aquele “só um topetinho na frente e o resto na máquina 1”) de um freguês antigo, ele lembra como começou no ofício. “Queria sair da roça. Senti que esta era uma profissão que dava para aprender rápido e com pouco estudo. Se era para ser mesmo meu caminho na vida, nunca vou saber... Foi o que consegui e tudo que eu tenho hoje devo à tesoura”.

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