
Ótimos concertos dos grupos residentes, avanço na programação, com inclusão de bate-papos, exibição de filmes e eventos no litoral, aumento no número de alunos sublinhando o fato de que isso não está necessariamente aliado à qualidade dos instrumentistas , shows mornos de grandes nomes da MPB, como Edu Lobo e Zeca Baleiro, e boas surpresas no circuito off são o saldo da 29.ª Oficina de Música, que acabou neste sábado, com o concerto de Leny Andrade, Paquito dRivera e Trio Corrente, no Guairão.
"Foi uma ousadia trazer a Orquestra do Algarve, por exemplo. Mas valeu a pena. Essa foi uma das melhores oficinas dos últimos tempos", comemorou Janete Andrade, diretora geral do evento promovido pela Fundação Cultural de Curitiba.
A conversa com a reportagem aconteceu no pátio da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), QG da oficina, uma das maiores da América Latina em se tratando de música. As surpresas, disse ela, ficaram por conta dos bate-papos musicais mediados por Roberto Mugiatti e da mostra de cinema na Cinemateca eventos que receberam um público considerável.
A certa altura da conversa, Janete teve de erguer a voz para driblar um solo de cavaquinho que um dos cerca de 1.300 alunos inscritos fazia, demoradamente.
Os alunos, aliás, parecem continuar a conhecer a oficina no boca-a-boca. Foi o caso da japonesa Sanatsu Uesawa, que ficou sabendo do evento quando conheceu uma amiga brasileira em Mannheim, cidadezinha da Alemanha. Sanatsu escolheu as oficinas de flauta e choro, mas, para ela, a expectativa foi maior do que a realidade.
"Muitos alunos não têm o nível adequado. Os professores são bons instrumentistas, mas não têm muita didática. Aí acabam nivelando a turma por baixo", reclama a musicista, que chegou em Curitiba no dia 14 e se encantou com a capivara que viu ao lado do Shopping Barigui. "Foi incrível. Aquele rio e aquele bicho no meio da cidade."
Uma das novidades da edição 2011 foi o curso de Composição Experimental em MPB, que contou com os professores Chico Melo, em Curitiba, e Octávio Camargo, que simultaneamente lecionava na Ocidental College, em Los Angeles. A espécie de teleconferência musical, conseguida com uma parceria entre a oficina e a instituição norte-americana, parece ter agradado à paraguaia Julia Peroni, também estreante no evento.
"Um amigo brasileiro comentou comigo ano passado e fiquei empolgada. Aí vim neste ano. É maravilhoso, a cidade ganha uma atmosfera mágica", diz a cantora, que em Assunção integra o grupo Sembrador. Tocar para uma plateia formada por músicos ou estudantes de música e ouvir manifestações musicais nas ruas da cidade foi o que mais chamou a atenção de Julia.
Estrela na oficina
No intervalo do curso de Composição Experimental em MPB, era a atriz Letícia Sabatella quem saia de fininho, descendo a rampa rapidamente. "Conheço o trabalho do Chico Melo há muito tempo. A oficina está sendo perfeita", contou ela, que já participou de um grupo vocal como cantora. Mineira de nascimento, Letícia tem forte ligação com Curitiba, já que aqui cresceu e tem parte da família morando na cidade. "É muito importante para mim estar de volta. Tenho um carinho imenso por Curitiba e o diálogo com a música que a oficina proporciona é incrível. Isso é muito forte para mim."
Nem bem acabou e a Oficina de Música já planeja a sua edição de número 30. "Ela será especial em 2012", disse Janete Andrade, sem confirmar atrações, mas revelando um sonho: trazer a Curitiba a Orquestra Filarmônica de Berlim.





