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Na primeira nota da suingada "Jingo", o público já vibrou com a guitarra de Carlos Santana. O músico subiu ao palco no Ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, na noite de quarta-feira (15), às 21h18min, e consumou sua combinação de música e espiritualidade.

Em duas horas e trinta de performance, o guitarrista mexicano alternou sucessos e improvisos, diante de milhares de gaúchos. Santana toca em São Paulo, esta quinta-feira (16), e no Rio, sábado (18).

Conforme a produção local, foram vendidos todos os 12 mil ingressos postos à venda. Depois da abertura com os guitarristas gaúchos Fernando Noronha e Gabriel Guedes, Santana seguiu a linha do show apresentado no mesmo Gigantinho em março de 1996 e subiu ao palco disposto a ignorar o protocolo.

As três primeiras canções, "Jingo, I am somebody" e a balada romântica "Love of my live", já davam o tom da noite. Se a maioria dos fãs mais antigos queria ouvir canções como "Black magic woman" e a parte mais jovem da platéia esperava os hits do disco "Supernatural" (1999), o guitarrista proporcionou muito mais. Acompanhado de percussões, metais, teclado, baixo e bateria, alternou os sucessos com as longas viagens instrumentais.

Antes de completar uma hora de apresentação, o guitarrista homenageou o Brasil. Durante o tema instrumental de "Samba pa ti", ele citou a melodia de "Aquarela do Brasil" para a comoção da platéia. Depois seguiu agitando com "Exodus", de Bob Marley, e deixou para o bis os sucessos mais recentes, como "Smooth" e "Corazon espinado".

Na tarde de quinta-feira, em entrevista coletiva no Hotel Sheraton, Santana explicou o gosto pela improvisação ao louvar artistas como John Coltrane, Miles Davis e Bob Marley, que para ele faziam música "de maior significado":

- Os mais jovens estranham os improvisos, no início. Assim como uma criança diante de uma banana e de um diamante. Ela vai escolher a banana, mas você tem que apresentar-lhe o diamante também. Sempre procuro excitar a platéia com algo mais significativo.

Na mesma entrevista, o espiritualizado Santana - que trazia o misticismo estampado nas figuras religiosas da camiseta e nos colares coloridos - revelou que o sucesso comercial obtido a partir do álbum "Supernatural" lhe havia sido anunciado pelo anjo Metatron dois anos antes das gravações.

A troca de energia com a platéia foi explicada em uma comparação com o público presente a seus shows nos anos 60 e 70.

- A energia que vem agora é mais intensa, mais emocional. No passado, as pessoas se identificavam com a rebeldia contra Bush ou Nixon.

Em outro de seus assuntos favoritos, a defesa da distribuição de renda, ele comparou música e futebol:

- A Copa do Mundo é uma competição, mas na música todos nós vencemos. Quantos milhões são gerados em uma Copa? Para onde vai esse dinheiro? Por que não separar uma parte para as favelas do Brasil?

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